Crise climática agrava calor no Catar, sede da Copa do Mundo

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ENGLAND

A FIFA transferiu a Copa do Mundo para o final do ano para que os jogos acontecessem na época de temperaturas mais amenas no Catar. Só faltou combinar com o clima: desde a semana passada o país tem sido atingido por um calor não sazonal que é agravado pela mudança climática, de acordo com análise do Climate Central.

Em 28 de novembro, por exemplo, quando o Brasil jogou contra a Suíça, as temperaturas estavam 3,4°C acima da média e a mudança climática tornou este cenário pelo menos duas vezes mais provável. Mesmo às vésperas do inverno e com ar condicionado até ao ar livre, os torcedores da Copa têm enfrentado temperaturas sempre próximas ou acima de 30°C.

“O estresse de competir no calor extremo já está afetando mais atletas ao redor do mundo, e a mudança climática está tornando os esportes ao ar livre mais arriscados tanto para os profissionais quanto para o resto de nós”, afirmou Andrew Pershing, diretor de ciência climática do Climate Central. A notícia é do UOL e do The Quint.

Mas a Copa não é o único grande evento esportivo que enfrenta condições extremas: neste outono, a Copa do Mundo de Esqui Alpino feminino foi adiada por mais de um mês e transferida para outro local depois que chuvas fora de época tornaram o percurso inseguro para o esporte. E, no início deste verão, uma onda de calor histórica exigiu que os organizadores do Tour de France borrifassem o asfalto com água para evitar que as estradas derretessem.

Do futebol ao esqui, a mudança climática está atrapalhando como e onde os esportes podem ser praticados – desde os de nível de elite até as ligas juvenis de bairro. “Se não mudarmos a natureza do esporte e esses eventos se adaptarem, a própria natureza seguirá em frente sem o esporte”, disse Walker Ross, professor de gestão esportiva da Universidade de Edimburgo, ao Grist, que publicou matéria detalhada acerca do impacto da temperatura sobre o organismo dos atletas.

Entre os eventos esportivos que deverão dar atenção especial ao calor excessivo estão a Copa do Mundo de Futebol Feminino, no ano que vem na Austrália; as Olimpíadas de Paris, que ocorrerão em 2024 em pleno verão europeu; e a Copa do Mundo de Futebol Masculino de 2026, em México, EUA e Canadá, também no verão.

Mas voltando ao Catar: todo o esforço para manter a temperatura em níveis razoáveis para atletas e torcedores fez o país investir pesado em ar condicionado. O Washington Post destaca como o consequente aumento do consumo de energia eleva ainda mais as dúvidas sobre as promessas de neutralidade de carbono do evento. Já o The Atletic destaca outra crítica: a dos próprios jogadores, que creditam à climatização dos estádios problemas de saúde como dores de garganta e outros sintomas de resfriado.

 

ClimaInfo, 7 de dezembro de 2022.

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