Fórum Econômico Mundial vira palco para disputa “verde” entre grandes potências

Fórum Econômico Mundial 2023
STEFAN WERMUTH—BLOOMBERG

O tabuleiro da geopolítica verde tem servido de pano-de-fundo para as conversas entre líderes políticos e empresariais no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça. Noves fora as tensões políticas e econômicas atuais, associadas principalmente à inflação global e ao conflito entre Rússia e Ucrânia, parte das discussões entre os bam-bam-bam da economia global está focada na disputa entre Estados Unidos, Europa e China pela supremacia da transição energética.

Como o espanhol El País sinalizou, essa corrida pode ser uma boa notícia para o clima global: novos investimentos bilionários devem acelerar o processo de transformação da base energética mundial, expandindo a adoção de fontes renováveis de energia. Ao mesmo tempo, a disputa também pode criar uma nova forma de competição profundamente protecionista entre as grandes potências mundiais. 

O capítulo mais recente dessa corrida aconteceu nesta semana, com o anúncio de um novo plano da União Europeia para impulsionar a indústria de base tecnológica verde, visto como uma resposta ao pacote climático aprovado pelos EUA no ano passado. O plano norte-americano criou incentivos fiscais para carros elétricos produzidos internamente, o que encarece relativamente os veículos fabricados fora do país. Bloomberg e Guardian sintetizaram as broncas europeias com Washington.

O governo de Joe Biden nos EUA vem tentando contornar o mal-estar com os europeus, mas a estratégia do país em Davos mostra como o novo plano climático é central para seus discursos econômicos doméstico e internacional. 

Para a gestão Biden, os incentivos climáticos podem catalisar uma nova política industrial para os EUA, na qual o poder público pode servir como impulsionador da ação das empresas em prol da transição verde. A Fortune abordou a questão.

Em tempo: Ainda sobre o tabuleiro geopolítico verde, o enviado especial dos EUA para o clima, John Kerry, voltou a sinalizar sua disposição de retomar plenamente a cooperação com a China em assuntos climáticos. O diálogo bilateral foi interrompido em agosto passado, por conta de tensões entre os dois países relacionadas a Taiwan, mas foi retomado na COP27 de Sharm el-Sheikh no final do ano. “Esperamos muito poder encontrar o caminho para um avanço que pode fazer uma grande diferença”, disse Kerry em entrevista à CNBC em Davos.

 

ClimaInfo, 19 de janeiro de 2023.

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