Depois de ganhos recordes, petroleiras temem 2023 mais instável

Depois da bonança, a tempestade. Esse é o temor de algumas das maiores empresas de combustíveis fósseis do mundo para o ano de 2023, após obterem lucros recordes em 2022. A principal preocupação é com a possibilidade de uma recessão global, o que poderia reduzir a demanda por energia e, consequentemente, derrubar os preços dos combustíveis.

Como assinalado pela Bloomberg, o Big Oil começou 2023 numa posição muito sólida. Cinco das maiores empresas do setor – ExxonMobil, Chevron, Shell, TotalEnergies e BP – somaram quase US$ 200 bilhões em lucros no ano passado, 50% a mais do que o recorde anual anterior, estabelecido havia mais de uma década.

O cenário para 2023 ainda é bastante imprevisível. Os preços internacionais da energia diminuíram no final do ano passado, resultado de esforços dos governos para conter a demanda e ampliar a oferta. Ainda assim, o fantasma do desabastecimento segue vivo por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia. 

Mas o grande ponto de interrogação está na China. Por um lado, existe a possibilidade da retomada plena das atividades econômicas no país após o fim da estratégia “COVID zero” possa impulsionar a demanda e pressionar os preços para cima. Por outro, os efeitos de médio e longo prazo da pandemia no país asiático podem comprometer essa retomada, especialmente o aumento da inflação.Em tempo: Um levantamento da Energy Monitor mostrou que os planos de apenas 25 empresas do setor fóssil para o futuro podem estourar o orçamento mundial de carbono, inviabilizando o limite de 1,5oC para o aquecimento global neste século. De acordo com a análise, essas empresas operam atualmente mais de 3,7 mil campos de petróleo e gás em todo o mundo e estão planejando outros 300 no futuro imediato. Os novos contêm coletivamente 500 bilhões de barris de petróleo e cerca de 65 trilhões de metros cúbicos de gás. A queima de todo esse combustível fóssil emitiria à atmosfera 340 bilhões de toneladas de CO2, o que representaria 90% de todo o orçamento de carbono restante do mundo para o limite de 1,5oC.

ClimaInfo, 30 de janeiro de 2023.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.