Carne é responsável por 86% da pegada de carbono da dieta dos brasileiros

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Item adorado por muitos brasileiros, a carne é o alimento que possui a maior pegada de carbono do prato médio dos consumidores no país. Segundo um estudo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) publicado na revista Environment, Development and Sustainability, a proteína animal é responsável por 86% de todas as emissões de carbono associadas à produção de comida dos brasileiros.

O artigo se baseia em dados das duas últimas edições da Pesquisa de Orçamento Familiar, realizada pelo IBGE nos anos de 2008 e 2017. De acordo com esse levantamento, o consumo de carne (bovina, suína, frango e peixe) aumentou 12% entre os brasileiros de todas as faixas etárias.

Esse aumento de consumo não foi igual para todos os tipos: por exemplo, o consumo de peixe, com menor pegada de carbono, diminuiu 23% nesse período; na outra ponta, os brasileiros passaram a comer mais porco (78%) e frango (35%). De todas, a carne bovina segue sendo a mais consumida (40%). 

A proteína animal também consome uma parcela significativa de outros recursos naturais envolvidos na produção nacional de alimentos, como uso da terra (90%) e água (26%), além de ser responsável por 77% da poluição de corpos d’água associados à atividade.

Os dados da pesquisa não contemplam os acontecimentos recentes, em especial a pandemia de COVID-19 e seus efeitos sobre a renda dos brasileiros. De toda forma, os pesquisadores estimam que a pegada de carbono associada à carne não deve ter diminuído, já que a produção continuou em patamares similares ou maiores que no período pré-pandemia.

Envolverde e ((o)) eco repercutiram os dados desse estudo.

Em tempo: O CEO da JBS, maior produtora de proteína animal do mundo, classificou o desmatamento no Brasil como uma “cortina de fumaça” que prejudica o “protagonismo” da agropecuária brasileira no mercado internacional. Gilberto Tomazoni se disse preocupado com propostas recentes no cenário externo, como a restrição aprovada pela União Europeia para impedir a compra de commodities associadas ao desmatamento, e defendeu que o Brasil avance no combate à derrubada ilegal de floresta.Surpreende o jeito que ele aborda essa questão, como se a empresa que dirige fosse uma simples observadora, sem qualquer capacidade ou poder de fiscalizar e garantir que seus produtos não tenham relação com ilegalidades, mesmo depois de admitir que adquiriu gado proveniente de fazendas que desmataram irregularmente. A notícia é do Valor, mas o comentário é nosso mesmo.

ClimaInfo, 3 de fevereiro de 2023.

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