Lucros recordes aumentam pressão política contra as grandes petroleiras

A petroleira ExxonMobil anunciou nesta semana um lucro recorde de US$ 56 bilhões em 2022, o maior da história da empresa e entre os melhores resultados da indústria do petróleo em toda a sua existência.

Como outras empresas do setor fóssil, a Exxon se beneficiou tremendamente com o aumento acentuado dos preços dos combustíveis fósseis no ano passado, às custas dos consumidores que pagaram seus preços abusivos.

Para se ter uma ideia da proporção desse resultado, a Exxon ganhou, em média, US$ 6,3 milhões por HORA no ano passado. Esse lucro aconteceu mesmo com o barril de petróleo com preço médio inferior àquele registrado em 2008 (US$ 142), quando a empresa tinha registrado seu melhor resultado da história. AFP, Bloomberg, NPR e Reuters, entre outros, deram a notícia.

O anúncio irritou o governo dos Estados Unidos, que vem atacando os lucros exorbitantes do Big Oil no último ano, ao mesmo tempo em que os preços dos combustíveis atingiram seu maior patamar para o consumidor final em mais de uma década. A Casa Branca classificou o lucro da Exxon de “ultrajante”, beneficiando investidores e acionistas em detrimento dos consumidores. BBC e Reuters repercutiram a irritação da Casa Branca.

Na semana passada, a Chevron também anunciou lucro de mais de US$ 36 bilhões no ano passado, mais que o dobro do ano anterior e cerca de um terço a mais do que seu recorde anterior em 2011. Os resultados poderiam ser ainda melhores se não fosse uma queda no 4º trimestre, quando a empresa ganhou US$ 7,9 bilhões – 61% a mais do que no ano anterior, mas abaixo do lucro trimestral recorde de US$ 11,4 bi registrado no 2º trimestre de 2022. Bloomberg, CNBC, CNN, Reuters e Wall Street Journal deram mais informações.

Como o Washington Post assinalou, os altos lucros da indústria petroleira certamente manterão estas empresas na mira de governos e consumidores, na busca de maneiras para limitar o preço dos combustíveis e diminuir os ganhos exorbitantes do setor no contexto da crise climática.

Ao mesmo tempo, o NY Times explicou que, mesmo com esses ganhos, o Big Oil segue cauteloso quanto às perspectivas futuras do mercado internacional, em meio à instabilidade gerada pela guerra Rússia-Ucrânia e as pressões inflacionárias globais.

Em tempo: O grupo ativista Global Witness acusou a Shell de fazer propaganda enganosa em relação aos seus investimentos em geração de energia renovável. Enquanto a empresa diz que 12% de suas despesas de capital foram direcionadas para uma divisão batizada de “Renewables and Energy Solutions” em 2021, os ativistas apontam que apenas 1,5% destas despesas foram utilizadas para fontes renováveis genuínas, como eólica e solar, com a maior parte sendo aplicada à divisão dedicada ao gás natural. Bloomberg e Guardian repercutiram a acusação.

ClimaInfo, 2 de fevereiro de 2023.

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