Europa na “corda bamba” entre ambição climática e necessidade energética

Europa damanda energética
via GasOutlook

Com o inverno de 2022/2023 quase no final, os países da União Europeia começam a pensar no abastecimento energético para os próximos meses. Isso será estratégico para o bloco, já que a situação atual da guerra entre Rússia e Ucrânia não sugere uma resolução pacífica no curto prazo, muito menos uma normalização das relações comerciais com Moscou.

No entanto, duas análises recentes apontaram para o risco de os europeus trocarem o cumprimento de suas metas climáticas no longo prazo pela segurança no fornecimento de energia no curto. O Valor destacou a avaliação do Conselho Consultivo Científico Europeu sobre Mudanças Climáticas, que alertou para a possibilidade da UE se prender aos combustíveis fósseis, atrasando a transição energética para fontes renováveis.

“As respostas políticas no contexto da crise determinarão se o caminho da descarbonização a longo prazo na Europa está para descarrilar ou se a crise será usada como alavanca para acelerar a transição para a neutralidade climática”, afirmou o conselho.

Ao mesmo tempo, uma análise do Global Energy Monitor (GEM) apontou que os novos projetos de importação de gás natural liquefeito (GNL) em implementação na Europa, bem como os acordos de fornecimento de gás assinados nos últimos meses, são incompatíveis com as metas de descarbonização e podem comprometer a transição energética.

Em 2021, a UE importou cerca de 155 bilhões de metros cúbicos de gás da Rússia, principal fornecedor até a eclosão da guerra. Desde o ano passado, os europeus têm investido no aumento da capacidade de importação de GNL, a tal ponto que o comissionamento de todos os projetos previstos poderá elevá-la para 195 bilhões de m3 por ano até 2026.“A capacidade crescente de GNL pode estar em contraste com as metas de descarbonização. (…) A principal preocupação é que toda essa capacidade planejada provavelmente não será necessária no futuro, pois não se espera que a demanda por GNL cresça no mesmo ritmo que as futuras instalações de GNL prevê oferecer”, avaliou Ana Maria Jaller-Makarewicz, analista de energia do Instituto de Economia de Energia e Análise Financeira (IEEFA), citada pelo site POLITICO.

ClimaInfo, 9 de fevereiro de 2023.

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