The Last of Us: seriado junta crise climática com apocalipse zumbi

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Liane Hentscher/HBO

Os seres humanos em geral têm um fascínio pelo fim do mundo. A indústria do entretenimento entendeu isso como poucas e vem faturando bilhões e bilhões há décadas, produzindo (e reproduzindo, já que a criatividade nem sempre é o forte desta indústria) filmes, seriados, animações, jogos de videogame e outras produções com a temática sob os mais variados recortes.

Vez ou outra, isso resulta em produções de destaque que superam o nicho de público “apocalíptico”. Uma delas é o seriado da HBO The Last of Us, uma adaptação para as telas do videogame de sucesso homônimo que vem ganhando elogios da crítica.

A obra faz um “pulo do gato” interessante para dar algum realismo à já batida história do “apocalipse zumbi”: ao invés de um vírus que escapa do laboratório ou coisa do tipo (como em Resident Evil e The Walking Dead), o vilão da vez é um fungo do tipo Cordyceps que transforma suas vítimas em criaturas semelhantes a zumbis. E o que teria causado a expansão desse fungo? O clima terrestre mais quente.

Essa conexão não é totalmente descabida. Um estudo recente publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) por cientistas da Duke University (EUA) aborda exatamente como o aquecimento global pode aumentar a incidência de doenças fúngicas em seres humanos.

Embora não haja ameaça imediata dos humanos transmitirem infecções fúngicas entre si (nem mesmo comendo o cérebro um do outro), os cientistas alertaram que o aumento das temperaturas globais pode fazer com que os micróbios mudem a forma como agem nos humanos durante a infecção.

Estudando o impacto do estresse térmico nos fungos, os pesquisadores descobriram que temperaturas mais altas levaram a rápidas mudanças genéticas no fungo patógeno humano Cryptococcus. Verificou-se que temperaturas mais altas estimulam os “genes saltadores” transponíveis do fungo, acelerando o número de mutações e levando a adaptações na forma como os genes são usados ​​e regulados.

Mas e os zumbis? Para nossa sorte, ao menos por enquanto, eles seguem sendo figuras imaginárias. Mas, como a realidade da crise climática nos mostra reiterada e explicitamente, não precisamos de comedores de cérebros para ameaçar nossa sobrevivência: nos encarregamos disso sozinhos.Euronews, Gizmodo, Independent e Newsweek repercutiram o estudo sobre fungos e a relação entre clima e o apocalipse zumbi de The Last of Us.

ClimaInfo, 13 de fevereiro de 2023.

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