Compromissos climáticos de grandes empresas seguem distante de net-zero

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AP Photo/Michael Probst

Nos últimos anos, muitas das maiores empresas do planeta entraram na “onda” do net-zero e firmaram compromissos para zerar suas emissões líquidas de gases de efeito estufa em algum momento nas próximas décadas. Isso significa que suas estratégias corporativas estariam alinhadas aos objetivos do Acordo de Paris, um belo argumento para vender uma imagem “verde” a investidores e consumidores.

O problema é que, por ora, a única coisa verde é o greenwashing. A 2ª edição do Monitor de Responsabilidade Climática Corporativa, divulgada pelo NewClimate Institute nesta 2ª feira (13/2), revelou que os planos climáticos de 24 das maiores empresas “campeãs do clima” são ambíguos e totalmente insuficientes para viabilizar o net-zero.

No total, as empresas analisadas se comprometeram a reduzir apenas 15% (ou 21% na interpretação mais otimista) de suas emissões de toda a cadeia de valor até 2030. Isso representa menos da metade da redução de 43% nos gases de efeito estufa que precisamos alcançar em nível global para limitar o aumento da temperatura em cerca de 1,5°C neste século, como definido pelo Acordo de Paris.

A única empresa cuja integridade da estratégia climática é classificada como “razoável” é a Maersk. Outras oito empresas (Apple, ArcelorMittal, Google, H&M Group, Holcim, Microsoft, Stellantis e Thyssenkrupp) apresentam um nível “moderado” de integridade, enquanto as 15 restantes apresentam integridade “baixa” ou “muito baixa”. Nessa última categoria, estão a gigante varejista Carrefour, a companhia American Airlines, a sul-coreana Samsung e a brasileira JBS.

“Nesta década crítica para a ação climática, os planos atuais das empresas não refletem a urgência necessária para reduções de emissões. Reguladores, iniciativas voluntárias e empresas devem colocar um foco renovado e urgente na integridade dos planos de redução de emissões das empresas até 2030”, observou Thomas Day, do NewClimate Institute, um dos autores do relatório. “O discurso sobre zero líquido de longo prazo não deve desviar a atenção da tarefa imediata em mãos”.O levantamento foi destacado por diversos veículos, como AFP, Associated Press, Bloomberg, Business Green, Grist e Reuters.

ClimaInfo, 14 de fevereiro de 2023.

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