O verão tem sido marcado no Chile pelo tempo quente e seco, especialmente na porção sul do país, onde a falta de chuva e a temperatura mais alta segue causando incêndios florestais. Nem mesmo a Patagônia, no extremo sul chileno, escapa da seca.
A Reuters mostrou os reflexos do tempo seco em Punta Arenas, cidade tida como “porta de entrada” para a Antártica. Desde o ano passado, a região atravessa uma crise hídrica decorrente da falta de chuvas. Além da seca, os fortes ventos que sopram do Oceano Pacífico contribuem para diminuir a umidade. “O vento pega e seca tudo e a grama não cresce”, lamentou um pecuarista da região.
O diário chileno La Tercera também abordou os efeitos da seca no entorno de Punta Arenas, na região de Magallanes, inclusive na indústria do turismo local. A região abriga as Torres del Paine, um dos pontos turísticos mais simbólicos do Chile.
Já o fogo se concentra na região central do país, inclusive no entorno da capital, Santiago. Segundo a BBC, as autoridades chilenas estimam que mais de 1,5 mil imóveis foram destruídos por incêndios florestais desde o começo do verão, resultando na morte de mais de 20 pessoas e em 3,2 mil feridos e desabrigados. Em todo o país, mais de 700 mil hectares foram queimados.
Bombeiros de 11 países estão apoiando o governo chileno no combate ao fogo. Até a última 2ª feira (13/2), segundo a CNN Brasil, 79 incêndios florestais seguiam descontrolados entre os quase 300 focos identificados e monitorados em sete regiões do país. A expectativa de meteorologistas e autoridades chilenas é de que o tempo quente dê trégua nos próximos dias, ajudando a aliviar o calor e facilitando o combate às chamas.
“Esse tipo de incêndio era raro algumas décadas atrás”, afirmou o pesquisador da Universidade do Chile, Roberto Rondanelli, à Deutsche Welle. Ele explicou que as mudanças climáticas estão contribuindo para a disseminação dos focos de incêndio, ainda que as origens sejam eminentemente humanas, intencionalmente ou não. Isso porque o Chile atravessa há uma década um período de chuvas mais esparsas, o que deixou o solo ressecado, facilitando o avanço do fogo.
“Na zona onde houve mais incêndios, temos um clima mediterrânico, com primaveras e verões secos. À secura do solo juntaram-se este ano temperaturas elevadas, associadas a ventos mais intensos que ajudaram a propagar o fogo”, destacou Héctor Jorquera, da Universidade Católica do Chile.
ClimaInfo, 15 de fevereiro de 2023.
Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.