Mudança climática está espalhando malária na África, aponta estudo

malária na África
MIGUEL SCHINCARIOL/AFP

O clima terrestre mais quente está espalhando insetos que antes ficavam concentrados nos trópicos para outras áreas do planeta – e, junto com elas, diversas doenças que elas carregam. O perigo, vaticinado há anos por cientistas, já acontece na África: um novo estudo mostrou evidências de que a espécie portadora da malária está se afastando da região da linha do Equador, avançando para o sul do continente.

De acordo com a análise, publicada por pesquisadores da Universidade de Georgetown (EUA) na revista Biology Letters, os mosquitos transmissores da malária se afastaram em média 4,7 km por ano da linha do Equador no século passado. Além disso, eles também escalaram para altitudes maiores, com avanço médio de 6,5 metros anuais acima do nível do mar.

Para os autores, o ritmo de afastamento da zona equatorial é consistente com as mudanças climáticas registradas ao longo das últimas décadas no continente africano. Isso também explica a incidência cada vez maior da malária em áreas onde antes ela era praticamente inexistente.

“Isso é exatamente o que esperaríamos ver se a mudança climática estivesse ajudando essas espécies a alcançar partes mais frias do continente”, disse Colin Carlson, autor principal do estudo. “Se os mosquitos estão se espalhando nessas áreas pela primeira vez, isso pode ajudar a explicar algumas mudanças recentes na transmissão da malária que, de outra forma, seriam difíceis de rastrear até o clima.”

O estudo analisou em particular a movimentação dos mosquitos da espécie Anopheles, tanto por sua capacidade de espalhar a malária quanto por causa de um conjunto de dados históricos únicos que rastreiam seus movimentos. Segundo os autores da pesquisa, é provável que outras espécies de insetos também tenham se movimentado da mesma forma.

Bloomberg, NY Times e Washington Post destacaram os principais pontos do estudo.

ClimaInfo, 17 de fevereiro de 2023.

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