Em 2021 e 2022, durante o governo Bolsonaro, a Polícia Federal fez repetidos pedidos à Força Aérea Brasileira (FAB) para restringir o espaço aéreo sobre a Terra Indígena Yanomami, com o objetivo de combater o garimpo ilegal. No entanto, de acordo com reportagem do UOL, a FAB rejeitou todos os pedidos, o que prejudicou os esforços de fiscalização.
Além da restrição aérea, a PF também pediu à Aeronáutica o uso de aviões-radares para identificar aeronaves que voam em altitude mais baixa, como helicópteros, que não são captados pelos radares em solo. O pedido também foi negado; em uma ocasião, a FAB exigiu compensação financeira pelos gastos com voos.
Desde o final de janeiro, por determinação do governo do presidente Lula, a FAB está controlando o espaço aéreo sobre a Terra Yanomami. A ação tem como objetivo “estrangular” a logística aérea que beneficia a atividade garimpeira no território indígena, além de apoiar os esforços da União para resgatar e cuidar das comunidades afligidas pela crise sanitária atual.
“Como por um passe de mágica, bastou mudar o governo e o comando da Aeronáutica para que os entraves fossem derrubados e a providência tomada”, escreveu Chico Alves no UOL. “Quantas vidas indígenas e quanto do bem-estar dos que sobreviveram terá custado essa negativa da FAB em 2021 e 2022?”.
Também no UOL, Josias de Souza ressaltou como a omissão da Aeronáutica coloca a crise humanitária Yanomami na conta dos militares. “Para cada desculpa apresentada [sob o governo Bolsonaro] há uma providência tomada pelo novo governo que desmoraliza o que foi dito. A reportagem mostrou a cumplicidade dos militares. O que angustia é a ausência de punição para Bolsonaro e seus cúmplices”.
ClimaInfo, 28 de fevereiro de 2023.
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