Banco francês é processado por financiar frigorífico brasileiro associado com desmatamento ilegal

BNP Paribas carne desmatamento
notreaffaireatous.org

O banco BNP Paribas foi denunciado na Justiça da França por conta de seu envolvimento com o frigorífico brasileiro Marfrig, acusado de comercializar carne bovina produzida em área desmatada ilegalmente na Amazônia. A denúncia foi apresentada nesta semana pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e a francesa Notre Affaire à Tous.

Na ação, os reclamantes afirmam que o BNP Paribas viola a lei francesa sobre a devida diligência. Essa legislação exige que as multinacionais com sede na França implementem “medidas razoáveis” para identificar e prevenir danos graves aos Direitos Humanos e liberdades fundamentais, à saúde e à segurança das pessoas e do meio ambiente.

A denúncia cita um estudo do Centro de Análise de Crimes Climáticos (CCCA) que identificou que fornecedores relacionados a dois frigoríficos da Marfrig foram responsáveis pela derrubada ilegal de mais de 120 mil hectares de floresta entre 2009 e 2020. Outra informação assinalada é a descoberta, no ano passado, de que a Marfrig estava comprando gado direta e indiretamente de fazendas localizadas dentro de territórios indígenas no Pará e Mato Grosso.

“Apesar de seus compromissos e comunicados, o BNP Paribas não está lutando ativamente contra o desmatamento na Amazônia. As evidências acumuladas do apoio do BNP à Marfrig e da falta de vigilância da Marfrig em relação aos seus fornecedores revelam a inadequação das medidas tomadas pelo banco”, criticou Jérémie Sussa, da Notre Affaires à Tous.

Na semana passada, o BNP Paribas também foi denunciado na Justiça francesa pela Notre Affaire à Tous, junto com a Friends of the Earth e Oxfam França, por conta de seu apoio financeiro para a indústria de combustíveis fósseis. O banco é o maior financiador de projetos de energia suja na Europa e o 5º maior do mundo.

Guardian, ((o)) eco, Repórter Brasil e Reuters repercutiram a notícia.

ClimaInfo, 1º de março de 2023.

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