O temporal que atingiu São Sebastião e outros municípios do litoral norte de São Paulo na semana passada trouxe mais de 600 milímetros de água para a região, a chuva mais intensa já registrada no Brasil. O Estadão fez as contas: em 24 horas, choveu o equivalente a 101 mil piscinas olímpicas cheias.
O volume da chuva no litoral norte paulista foi cerca de 78 vezes maior do que a média diária para o mês de fevereiro na região. Na estação pluviométrica de Barra do Una, nas proximidades da Vila Sahy, epicentro do desastre de São Sebastião, foi registrada uma precipitação de 633 mm entre os dias 18 e 19 de fevereiro.
Passadas quase duas semanas, os moradores de São Sebastião ainda temem novas chuvas na região. A Folha mostrou que, em algumas áreas, a própria população assumiu o trabalho de limpeza de bueiros para prevenir inundações. “Não tem alerta. A gente que tem comércio olha o dia todo e à noite, porque, se não limpar, alaga tudo. É o principal ponto de escoamento. Se a gente não faz, quem vai fazer?”, questionou Reuri Nascimento, dono de um mercado de rua no Sahy.
Em outras áreas, a reclamação é parecida: o poder público ainda não deu as caras depois do desastre. Um exemplo é a Vila Tropicanga, próxima à praia de Boiçucanga, a cerca de 10 km da Vila Sahy. Como a Folha assinalou, alguns moradores contam com apoio de amigos e conhecidos, sem ajuda da prefeitura de São Sebastião ou do governo de São Paulo.
Outro problema é o destino dos desalojados pelas chuvas no litoral norte paulista. O Estadão informou que a prefeitura de Bertioga rejeitou um pedido do vice-presidente Geraldo Alckmin para receber as famílias que perderam suas casas no desastre. A justificativa é de que o município não teria estrutura para abrigar essas pessoas.
Por ora, a Folha informou que os desabrigados e desalojados ficarão em hotéis e pousadas da região, custeados pela iniciativa privada com apoio do governo paulista. De acordo com o governador Tarcísio de Freitas, serão 4,1 mil leitos disponibilizados por 30 dias. Ele reiterou a promessa de construir novos conjuntos habitacionais para moradores de áreas de risco nos próximos 180 dias.
Em tempo: O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) entrou com representação no Ministério Público Federal e denúncia na Polícia Federal contra o ex-secretário de comunicação do governo Bolsonaro, Fabio Wajngarten, e o ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães. Boulos alega que os dois cometeram crime de advocacia administrativa ao interferir na construção de moradias populares em São Sebastião, impedindo a instalação de novas unidades habitacionais em áreas nobres do município. A notícia é do Estadão.
ClimaInfo, 3 de março de 2023.
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