Estudos revelam impactos da mudança do clima na absorção de carbono pelas árvores

absorção de carbono
Pixabay

Dois estudos recentes trouxeram dados preocupantes sobre a capacidade das florestas de absorver carbono e contribuir para a luta contra a mudança do clima. As pesquisas indicam que o clima mais quente e seco está prejudicando a absorção de carbono pelas árvores, o que pode gerar um loop de aquecimento com efeitos desastrosos sobre o meio ambiente.

A primeira análise foi publicada na revista Nature e estudou a variação da absorção de carbono em diversas áreas do globo e a capacidade da vegetação recuperar sua condição anterior ao começo do processo recente de aquecimento global. A conclusão não é boa: os impactos de curto prazo do aumento das temperaturas, associados com o desmatamento e o avanço da agricultura em ecossistemas mais vulneráveis, significam que os estoques de carbono na terra têm menos probabilidade de se recuperar no longo prazo.

“Descobrimos que grandes regiões do mundo são vulneráveis a mudanças repentinas e dramáticas em suas paisagens, pois a capacidade de seus ecossistemas de absorver carbono começa a se desestabilizar”, explicou Patric McGuire, climatologista da Universidade de Reading (Reino Unido), um dos autores do estudo.

Eventos extremos como os incêndios frequentes na costa oeste dos EUA tornam a situação ainda mais problemática em alguns pontos do planeta. “Por exemplo, os incêndios florestais na Califórnia são mais prováveis devido às condições extremamente secas e quentes causadas por uma atmosfera mais quente. Mais incêndios significam que a floresta se transforma em matagal, às vezes permanentemente. Isso reduz a capacidade geral da terra de absorver carbono da atmosfera na mesma medida que o fazia antes”. A Bloomberg destacou o estudo.

A mesma conclusão também foi assinalada por outro estudo, este publicado na revista Nature Climate Change. Analisando especificamente as florestas tropicais, os autores projetaram como um clima mais quente afetará a capacidade de absorção de carbono das árvores. Na Amazônia, por exemplo, essa capacidade pode cair entre 6,8% e 12% até o final do século, mesmo em um cenário de baixas emissões contínuas de gases de efeito estufa. Já em uma situação de emissões mais intensas, a perda é ainda maior: entre 13,3% e 20,1% no mesmo período. O Mongabay abordou os principais pontos.

ClimaInfo, 7 de março de 2023.

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