Produção e consumo de alimentos podem elevar temperatura global em 1ºC até 2100

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A continuidade dos padrões atuais de produção e consumo de alimentos em todo o mundo pode inviabilizar os esforços para limitar o aquecimento global em 1,5oC neste século, concluiu um estudo publicado nesta semana na Nature Climate Change. De acordo com a análise, as emissões de gases de efeito estufa atreladas ao sistema alimentar atual podem adicionar quase 1oC à temperatura média da Terra até 2100.

Realizado por pesquisadores das Universidades de Columbia, Flórida e Stanford, todas nos Estados Unidos, o estudo de modelagem descobriu que a maioria das emissões associadas à alimentação decorrem de três fontes principais: a produção de carne, principalmente de bois, ovelhas e cabras; laticínio; e arroz. Só a produção de carne responde por 1/3 das emissões da alimentação, com as demais representando pelo menos 19% cada.

O principal gás de efeito estufa liberado por essas atividades produtivas é o metano, que tem 80 vezes mais poder de aquecimento do que o dióxido de carbono, apesar de permanecer por menos tempo na atmosfera. De acordo com a pesquisa, o metano será responsável por 75% da participação do sistema alimentar global no aquecimento global até 2030.

“Como já atingimos mais de 1°C de aquecimento acima dos níveis pré-industriais até 2021, esse aquecimento adicional [da produção de alimentos] sozinho é suficiente para superar a meta de aquecimento global de 1,5°C”, concluíram os cientistas. “Nossa análise demonstra claramente que os padrões atuais de produção e consumo alimentar são incompatíveis com a manutenção de uma população crescente enquanto buscamos um futuro climático seguro”.

“Acho que a maior lição que eu gostaria [que os formuladores de políticas públicas tomassem] é o fato de que as emissões de metano estão realmente dominando o aquecimento futuro associado ao setor de alimentos”, afirmou Catherine C. Ivanovich, climatologista da Universidade de Columbia e uma das principais autoras do estudo, à Associated Press.

Euronews, Folha e Guardian também abordaram o estudo.

ClimaInfo, 8 de março de 2023.

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