Clima extremo: tempestade Freddy se torna a mais longeva já registrada

ciclone Freddy
AFP VIA GETTY

Ativo há mais de um mês, o ciclone tropical Freddy se tornou o mais duradouro já registrado, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM). A tempestade, que se desenvolveu a centenas de quilômetros da costa noroeste da Austrália, ganhou um nome em 6 de fevereiro. Atravessou todo o Oceano Índico e atingiu a terra em Madagascar, na costa da África, no dia 21 do mesmo mês. Três dias depois, em 24 de fevereiro, rumou em direção ao continente africano, chegando a Moçambique.

Desde então, o ciclone vem se mantendo nessa região. A tempestade levou ao continente fortes chuvas e inundações durante vários dias antes de retornar ao Canal de Moçambique, captando energia das águas quentes ao longo do caminho e, em seguida, movendo-se em direção à costa sudoeste de Madagascar.

Após ter atingido a ilha pela segunda vez na segunda-feira (6/3), há uma expectativa de que Freddy volte a atingir Moçambique ainda esta semana. Em Madagascar, o ciclone matou quatro pessoas, elevando para 21 o número de mortos por causa da tempestade.

Estimativas da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos apontam que, nos últimos sete dias, partes do sul de Moçambique tiveram 500 mm de chuva, e no mês passado até 700 mm, bem acima da média anual. Madagascar recebeu mais de 300 mm nos últimos sete dias – cerca de três vezes a média para o mês.

De acordo com a NASA, Freddy já registrou o maior índice de energia de ciclone acumulada (ECA) na história do hemisfério sul. A medida é utilizada para quantificar o total de energia eólica associada a um ciclone tropical ao longo de sua vida útil.

“Freddy está tendo um grande impacto socioeconômico e humanitário nas comunidades afetadas. O número de mortos foi limitado por previsões precisas e alertas precoces e ação coordenada de redução do risco de desastres no terreno, embora até mesmo uma vítima seja demais”, disse Johan Stander, diretor de Serviços da OMM.

Forbes, Washington Post, AP, Bloomberg, Folha, BBC, UN News e The Hill trataram do assunto.

Em tempo: Um estudo feito por cientistas climáticos do Met Office, serviço de meteorologia do Reino Unido, mostra que as chuvas extremas no país podem se tornar quatro vezes mais frequentes até 2080 se as emissões de gases de efeito estufa permanecerem altas. Os pesquisadores revelaram que, para cada grau de aquecimento regional, a intensidade das chuvas extremas também pode aumentar de 5 a 15%. A título de comparação, na década de 2070, dilúvios de mais de 20 mm de chuva por hora poderiam ocorrer quatro vezes mais frequentemente do que na década de 1980, enquanto Londres, a capital britânica, normalmente recebe cerca de 40-50 mm de chuva em um mês, informa o Independent.

ClimaInfo, 9 de março de 2023.

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