Militares se recusam a reformar pistas de pouso para FUNAI na Terra Yanomami

Militares não consertam pistas Yanomamis
A Pública

As Forças Armadas estão apoiando os esforços do governo federal para restabelecer o controle sobre a Terra Indígena Yanomami, mas essa dedicação tem limite. De acordo com Rubens Valente na Agência Pública, o Ministério da Defesa se recusou a atender um pedido urgente feito pela presidente da FUNAI, Joênia Wapichana, para reformar cerca de 50 pistas de pouso com o propósito de agilizar a ajuda governamental às comunidades indígenas.

O argumento da Defesa é de que o pedido deveria ser direcionado a outro órgão do governo federal, como a Secretaria Nacional de Aviação Civil, vinculada ao Ministério de Portos e Aeroportos, já que as pistas em questão seriam civis, sem vinculação com instalações militares. Em muitos casos, a “reforma” seria simplesmente a retirada de vegetação das pistas; nem assim os militares aceitaram o pedido.

A recusa das Forças Armadas intensifica o mal-estar dos indígenas e da FUNAI com os militares na crise Yanomami. Recentemente, revelou-se que a Força Aérea Brasileira teria rejeitado diversos pedidos da Polícia Federal em 2021 e 2022, ainda sob a gestão Bolsonaro, para restringir o espaço aéreo sobre o território Yanomami com o objetivo de combater o garimpo ilegal.

Enquanto isso, a Polícia Federal assegurou a retirada integral dos garimpeiros da região de Homoxi, um dos polos de atividade garimpeira na Terra Yanomami. A operação resultou na destruição de um avião utilizado pelo garimpo, além da inutilização de maquinário usado na extração de minério e da derrubada de acampamentos.

Em fevereiro, um confronto entre garimpeiros em fuga e indígenas resultou na morte de três Yanomami em Homoxi. Os garimpeiros se concentraram naquela região nas últimas semanas, principalmente em torno de uma pista de pouso, para embarcar em aeronaves e deixar a reserva. g1, Jornal Nacional (TV Globo), Metrópoles e UOL repercutiram a informação.

Em tempo: A URIHI Associação Yanomami anunciou que oferecerá aos vencedores do Oscar 2023 uma réplica da famosa estatueta dourada, mas – feita de madeira e não de ouro – retratando a divindade Omama. A ideia é chamar a atenção internacional para a situação dos Yanomami no Brasil e ressaltar a responsabilidade da indústria do ouro sobre o garimpo ilegal em territórios indígenas. “Na sua cultura, ouro é símbolo de sucesso. Para meu Povo, significa morte e destruição”, disse Junior Hekurari Yanomami. AFP e CNN Brasil repercutiram a ação.

ClimaInfo, 13 de março de 2023.

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