Guterres: “fatos duros e frios” devem guiar política climática global

Antonio Guterres
Wikimedia Commons

Em mensagem aos membros do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), o secretário-geral da ONU, António Guterres, ressaltou a necessidade dos cientistas apresentarem “fatos duros e frios” da crise climática para pressionar os governos por ações imediatas no seu enfrentamento.

“[Os países] precisam de orientação científica sólida, franca e detalhada para tomar as decisões corretas para as pessoas e o planeta. Eles devem entender as enormes consequências do atraso e os enormes dividendos de fazer escolhas difíceis, mas essenciais”, disse Guterres.

O IPCC está reunido nesta semana em Genebra, na Suíça, para aprovar o relatório síntese do 6º ciclo de revisão científica sobre a mudança do clima, iniciado em 2021. O chefe da ONU lembrou que este é o primeiro ciclo realizado depois da aprovação do Acordo de Paris, em 2015, e que os governos realizarão na Conferência de Dubai (COP28), no final de 2023, o primeiro balanço global das ações climáticas empreendidas sob esse regime.

“[O relatório] não poderia vir em um momento mais crucial. Estamos nos aproximando do ponto sem volta, de ultrapassar o limite internacionalmente acordado de 1,5oC de aquecimento global. Estamos perto disso, mas não é tarde demais [para agir], como vocês demonstraram”, afirmou Guterres, citando a análise de 2022 do IPCC sobre a viabilidade da meta de 1,5oC.

AFP e Associated Press abordaram a fala de Guterres e o que está em jogo nas conversas do IPCC em Genebra.

Em tempo: Por falar em negociações climáticas, o Climate Home destacou duas novidades. Primeiro, os países da União Europeia aprovaram uma nova posição para as conversas da COP28 na qual defendem a eliminação gradual do consumo global de combustíveis fósseis. Os Estados-membros da UE concordaram em “promover sistematicamente e exigir uma mudança global em direção a sistemas de energia livres de combustíveis fósseis bem antes de 2050”. Já o Fundo Climático Verde da ONU, principal instrumento multilateral de financiamento climático, passará a ser chefiado pela portuguesa Mafalda Duarte, uma das poucas mulheres em evidência em um ambiente ainda majoritariamente masculino. Duarte foi CEO do Climate Investment Funds (CIF) nos últimos nove anos e passou pelo Banco Africano de Desenvolvimento e Banco Mundial, sempre trabalhando com financiamento climático.

ClimaInfo, 15 de março de 2023.

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