União Europeia revisa planos para indústria verde, com subsídios e restrições à China 

UE indústria verde
AP Photo/Virginia Mayo

A Comissão Europeia apresentou nesta 5ª feira (16/3) uma série de medidas para fomentar a tecnologia verde e garantir matérias-primas essenciais para essa indústria. Batizado de Net-Zero Industry Act, o plano é visto como fundamental para que a União Europeia se mantenha na disputa com Estados Unidos e China pelo protagonismo da transição energética global.

Entre as medidas anunciadas, estão o impulsionamento da mineração doméstica para atender pelo menos 10% das necessidades da UE de matérias-primas críticas até 2030, a exigência de que grandes empresas passam a fazer testes de estresse em suas cadeias de suprimentos, e a criação de um “clube de matérias-primas críticas” com nações produtoras “confiáveis”. 

As medidas passam a fazer parte do Green Deal anunciado pela UE no ano passado e focam na resiliência e competitividade da fabricação de tecnologias net-zero no mercado europeu. A UE também estabeleceu uma meta para a produção local de tecnologias utilizadas para geração renovável de energia, como painéis solares e baterias, de 40% até 2030.

“Precisamos de um ambiente regulatório que nos permita escalar rapidamente a transição para a energia limpa. O Net-Zero Industry Act criará as melhores condições para os setores que são cruciais para atingirmos a neutralidade líquida [das emissões] até 2050: tecnologias como turbinas eólicas, bombas de calor, painéis solares, hidrogênio verde e armazenamento de CO2”, defendeu a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

De acordo com a Bloomberg, a recepção dos novos planos europeus foi mista. Enquanto alguns setores industriais saudaram a iniciativa, outros assinalaram que ela não foi longe o suficiente para compensar o impacto causado pelo Inflation Reduction Act (IRA) dos Estados Unidos, aprovado no ano passado.

Já o Financial Times destacou o lado protecionista do pacote europeu, que mira principalmente a China. As licitações e compras governamentais, por exemplo, passarão a restringir a participação de empresas de países com mais de 65% de participação no mercado da UE. É o caso do setor de painéis solares, em que os europeus compram mais de 90% de algumas peças de fornecedores chineses.

O anúncio teve ampla repercussão na imprensa, com destaques na Associated Press, Euractiv, Foreign Policy e Reuters, entre outros.

Em tempo: Enquanto as grandes economias brigam pela liderança da economia verde, o sul global fica novamente na lanterninha. Um relatório da ONU lançado nesta semana ressaltou que os países em desenvolvimento precisarão de apoio das nações ricas para não ficar para trás na transição energética, sob o risco de deixar a maioria da humanidade sem qualquer acesso às tecnologias de baixo carbono. “Estamos no início de uma revolução tecnológica baseada em tecnologias verdes. Os países em desenvolvimento precisarão desses benefícios para fazer suas economias crescerem”, disse a secretária-geral da UNCTAD, Rebeca Grynspan. “Perder essa onda tecnológica por causa da atenção política insuficiente ou falta de investimento direcionado na construção de capacidades terá implicações negativas duradouras”. A notícia é da Associated Press.

ClimaInfo, 17 de março de 2023.

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