Chuvas em São Sebastião: um mês depois, famílias sofrem com falta de moradia e apoio

Chuvas São Sebastião
Fernando Marron/AFP

Um mês após as chuvas recordes que caíram sobre o litoral norte de São Paulo, no início do carnaval, provocando a morte de mais de 60 pessoas, os moradores de São Sebastião que tiveram de deixar suas casas após a tempestade sofrem com especulação imobiliária no presente e incertezas sobre o futuro. Relatos de desalojados ao Estadão dão conta de que o aluguel de uma residência de um quarto na cidade, que girava em torno de R$ 700 antes da tragédia, atualmente está saindo por mais que o dobro: R$ 1.500.

Cerca de 300 famílias cujas casas foram condenadas após as chuvas serão transferidas provisoriamente para um condomínio do Minha Casa, Minha Vida na vizinha Bertioga. Após esse período, devem receber imóveis a serem construídos no bairro Baleia Verde, em São Sebastião. Mas, para algumas pessoas, a mudança, ainda que temporária, é inviável, por terem trabalho e compromissos no seu lugar de origem.

Se, por um lado, algumas famílias começam a retornar às suas casas, relata a CNN, por outro, já se sabe que o número de sem-teto em São Sebastião vai aumentar. Segundo o UOL, a prefeitura da cidade identificou pelo menos cinco novas áreas de risco. A estimativa é que pelo menos 1.000 moradias estejam interditadas nessas regiões.

As ações do poder público – ou melhor, a falta delas – para evitar tragédias como a ocorrida no litoral norte paulista estão na mira da Justiça. De acordo com o Blog do Fausto Macedo, o conselheiro Antônio Roque Citadini, decano do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP), deu 15 dias para o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) prestar informações sobre o trabalho de prevenção a desastres naturais.

A decisão foi motivada por um relatório de técnicos do TCE, que mostra que, entre 2012 e 2022, o governo estadual não cumpriu todas as ações previstas no Programa Estadual de Prevenção de Desastres Naturais e de Redução de Riscos (PDN). O documento ainda aponta falhas no monitoramento hidrológico e meteorológico.

A inação e a lentidão de governos na região vêm sendo compensadas pela atuação de organizações não governamentais e movimentos sociais. Uma iniciativa é a da ONG Instituto Verdescola, que voltou a receber crianças e adolescentes em busca de reforço escolar – e agora, também acolhimento para superar os traumas da tempestade, relata o Estadão.Já na capital, o banco de dados do Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE), da Prefeitura de São Paulo, aponta que, até o dia 17 de março, o mês acumulou 162,9 mm de chuva. É o equivalente a 91,7% dos 177,6mm esperados para todo o mês, informa a CNN. Tanto a cidade de São Paulo como a região metropolitana sofreram com tempestades na semana passada, com vários alagamentos. Efeito do processo de expansão da metrópole, explica a Folha.

ClimaInfo, 21 de março de 2023.

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