IPCC: ainda há tempo para evitar o pior da crise climática

IPCC AR6 relatório síntese
IPCC AR6

Não falta contundência no novo relatório síntese da sexta avaliação (AR6) aprovado pelo Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudança do Clima (IPCC) no último final de semana. De forma clara e explícita, o documento ressalta que a humanidade caminha para uma situação climática potencialmente catastrófica, mas que ainda há tempo para evitar mudanças mais profundas e radicais do clima global. 

“Algumas mudanças [climáticas] futuras são inevitáveis e/ou irreversíveis, mas podem ser limitadas pela redução profunda, rápida e sustentada das emissões de gases de efeito estufa. A probabilidade de mudanças abruptas e/ou irreversíveis aumenta com níveis mais altos de aquecimento”, destaca o documento.

O relatório deixa evidente o impacto da ação humana sobre o clima, com o aumento da temperatura média do planeta em 1,1oC desde a Revolução Industrial, decorrente da queima massiva de combustíveis fósseis. Ao mesmo tempo, ressalta que os caminhos para evitar o pior estão abertos: já temos os recursos financeiros e tecnológicos necessários para reduzir as emissões de forma substancial ainda nesta década. Basta a decisão política.

“Para que as metas climáticas sejam adotadas, tanto o financiamento da adaptação quanto o da mitigação precisam aumentar muitas vezes. Há capital global suficiente para fechar essas brechas de investimento, mas existem barreiras para redirecionar o capital para a ação climática”, assinala o relatório. “A redução das barreiras para aumentar os fluxos financeiros exigiria sinalização clara e apoio dos governos, incluindo um alinhamento mais forte das finanças públicas”.

O documento também ressalta a importância da compensação por perdas e danos, especialmente em comunidades e países pobres e vulneráveis, dado que os eventos climáticos extremos continuarão se intensificando nos próximos anos.

“Cada incremento de aquecimento global intensificará os riscos múltiplos e simultâneos. Reduções profundas, rápidas e sustentadas nas emissões levariam a uma desaceleração discernível do aquecimento global dentro de cerca de duas décadas”, apontou o relatório. “Dar prioridade à equidade, justiça climática, justiça social, inclusão e processos de transição justa podem permitir ações de adaptação e de mitigação ambiciosas e desenvolvimento resiliente ao clima”.

O relatório síntese do IPCC foi amplamente abordado pela imprensa nacional e internacional, com destaque em veículos como Agência Brasil, Capital Reset, CNN Brasil, Cultura, Estadão, Folha, Metrópoles, O Globo, g1, Valor e VEJA, além de AFP, Associated Press, BBC, Bloomberg, Climate Home, Financial Times, Guardian, NY Times, Reuters, Washington Post e Wall Street Journal.

Em tempo: A gravação da coletiva de imprensa organizada ontem pela FAPESP e pelo ClimaInfo sobre o relatório síntese do IPCC está disponível no nosso canal no YouTube.

ClimaInfo, 21 de março de 2023.

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