“Mar de algas” no Caribe pode ter relação com uso de fertilizantes na Amazônia

mar de algas
Reuters

O desmatamento na Amazônia e o uso de fertilizantes agrícolas na região podem ter relação com uma grossa camada de 24 milhões de toneladas de algas que se estende no Oceano Atlântico, desde a África até o Golfo do México. A faixa de algas, chamada de sargaço, é tão grande – cerca de 8 mil quilômetros de extensão – que pode ser vista do espaço por satélites. E, segundo cientistas, vem crescendo desde 2018.

De acordo com o professor Chuamin Uh, da Universidade do Sul da Flórida, que pesquisa o cinturão de sargaço há dez anos, o aumento do “mar de algas” pode ser causado por muitos fatores, entre eles, a descarga de substâncias químicas nocivas no Atlântico vindas do Rio Amazonas, informa o Jornal Nacional.

“Até sabermos como lidar com este problema, o que se pode fazer é reduzir o uso de fertilizantes e manter a floresta saudável”, aponta o professor.

O sargaço se alimenta dos compostos químicos liberados no mar pela devastação florestal e aplicação de fertilizantes e também se multiplica com o aumento da temperatura – um sintoma do aquecimento global.

Uma parte dos cientistas diz que os relatos de uma enorme massa de algas marinhas atingindo o litoral são exagerados, mostra a Scientific American. Para eles, as algas estão espalhadas pelo oceano e não formam uma massa contígua, explica a BBC, e muitas delas nunca alcançarão a costa.

No entanto, pesquisadores viram as florações de sargaço maiores nos últimos anos, o que aumenta a probabilidade de chegarem às praias. Na areia, começam a apodrecer e a emitir mau cheiro, causando problemas, inclusive ao turismo.

Há uma expectativa de que o “mar de sargaço” alcance o litoral da Flórida, de ilhas do Caribe e de outros pontos do Golfo do México nos próximos meses, justamente na primavera e no verão, época de maior movimento nessas regiões. E o cinturão de sargaço já está começando a aparecer em Florida Keys e na ilha caribenha de Barbados.

A “invasão de algas” foi noticiada também por New York Times, UOL, Guardian, CNN, CBS e Washington Post.

Em tempo: Milhões de peixes mortos foram encontrados no rio Darling, na cidade australiana de Menindee, no estado de Nova Gales do Sul, no sudeste do país. Moradores disseram que é a maior mortandade de peixes a atingir a cidade, que viu fenômeno semelhante há três anos. O governo local atribui a tragédia ambiental aos baixos níveis de oxigênio nas águas do rio Darling, o segundo maior curso d’água da Austrália. A falta de oxigênio, por sua vez, teria sido causada por uma onda de calor na região que afetou o rio, dizem as autoridades. A mortandade de peixes foi noticiada por O Globo, g1, Veja, Reuters, AP, Guardian, DW e BBC.

ClimaInfo, 20 de março de 2023.

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