Relatório do IPCC eleva pressão sobre governos por mais ambição climática

IPCC AR6 Guterrez
UN

A divulgação do relatório síntese do 6º ciclo de avaliação do IPCC sobre as evidências científicas da crise climática colocou mais pressão sobre os países e seus compromissos climáticos sob o Acordo de Paris. A principal cobrança de representantes da ONU, especialistas e ativistas climáticos é de que as metas de redução de emissões para esta década sejam mais ambiciosas do que aquelas apresentadas até agora.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, reiterou a necessidade de mais ambição e defendeu que os governos antecipem o quanto antes seus planos de descarbonização. Para ele, a análise do IPCC deve servir como referencial para os países intensificarem suas ações climáticas no curto e médio prazo, de forma a viabilizar o limite de 1,5oC para o aquecimento global neste século.

“Este relatório é um apelo para acelerar massivamente os esforços climáticos de todos os países e setores em todos os prazos. Resumindo, nosso mundo precisa de ação climática em todas as frentes – tudo, em todo o lugar, ao mesmo tempo”, disse Guterres, com direito a uma citação ao filme ganhador do Oscar 2023. O Climate Home repercutiu essa fala.

Na mesma linha, Frans Timmermans, vice-presidente da Comissão Europeia para o clima, também defendeu que os países avancem com maior ambição climática antes da COP28. “O IPCC é inequívoco sobre as graves consequências que a crise climática já nos coloca. Isto deve servir de base para mais ambição na COP28: NDCs atualizadas, pico global das emissões até 2025, fim do consumo de combustíveis fósseis, e políticas domésticas robustas para dar conta do serviço”, escreveu em sua conta no Twitter. O Euractiv deu mais informações.Entretanto, ao menos até aqui, os apelos de Guterres & Cia. não comoveram representantes governamentais. A Associated Press destacou a resposta (ou melhor, a falta dela) de ministros e membros de governos reunidos em Copenhague nesta semana. Nem mesmo o atual presidente das negociações climáticas da ONU, o ministro egípcio Sameh Shoukry, parece ter se sensibilizado, afirmando que não previa uma “resposta específica [dos países] para os objetivos ambiciosos” assinalados por Guterres.

ClimaInfo, 22 de março de 2023.

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