Saem carros a combustão, entra energia nuclear: os dilemas da transição verde na União Europeia

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Fit for 55

Os planos da União Europeia para impulsionar a transição energética e seus compromissos climáticos internacionais viraram uma novela. A cada semana, um pedaço novo dessa estratégia se torna o “drama da vez”, com alguns países pressionando pela flexibilização das medidas e enfraquecimento das metas.

Nas últimas semanas, o drama se deu em torno da proposta da UE de proibir a venda de novos veículos com motores a combustão a partir de 2035. Depois de muita pressão de grandes fabricantes, como os alemães e os italianos, a Comissão Europeia deu o braço a torcer e mudou a restrição, isentando modelos com motores a combustão que funcionam exclusivamente com combustíveis sintéticos com uma cadeia neutra em carbono, os chamados e-combustíveis. 

Ao que parece, o entendimento vingou: nesta 3ª feira (28/3), os 27 ministros de Energia da UE assinaram a adoção da nova regra. Agora, a Comissão Europeia terá a tarefa de alinhar a nova isenção dentro de seus regulamentos antipoluição, já que os veículos que funcionam com e-combustível liberam carbono. Associated Press, Bloomberg, Euronews e Reuters repercutiram a notícia.

Resolvido esse problema, os países da UE agora serão confrontados a resolver outra questão: o que fazer com a energia nuclear nos planos de transição energética? Defensores e detratores dessa tecnologia estão se mobilizando para pressionar por uma definição ainda nesta semana.

A Reuters explicou o busílis. Por um lado, onze países da UE, encabeçados por Alemanha, Áustria e Espanha, se articulam para barrar a energia nuclear das metas de energias renováveis do bloco europeu, sob o argumento de que essa tecnologia pode obstruir a adoção de tecnologias mais limpas, como geração eólica e solar. Por outro lado, a França é a defensora mais vocal da classificação da energia nuclear como “fonte verde”, ao lado de outras 12 nações, como República Tcheca, Finlândia, Itália e Polônia.Euractiv, Euronews e Oil Price também abordaram a nova queda de braço climática dentro da UE, agora sobre energia nuclear.

ClimaInfo, 29 de março de 2023.

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