Primavera começa com incêndios florestais na Espanha

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EFE/Paco Paredes

O inverno excepcionalmente seco na Europa, efeito das mudanças climáticas, antecipou o início e elevou a intensidade dos incêndios florestais na Espanha. A região das Astúrias, no norte do país, foi devastada por mais de 90 focos de fogo na sexta-feira (31/3), informa a Reuters. Há suspeitas de que alguns deles sejam criminosos. Mais de 600 bombeiros foram mobilizados para combater as chamas.

Segundo o El Pais, as chamas nas Astúrias causaram o despejo de quase 400 pessoas, o fechamento de oito escolas e bloqueios de estradas. Um dos incêndios queima o Monte Naranco, às portas de Oviedo. Os fortes ventos dificultam a extinção das chamas, que também afetam a Cantábria, onde há 33 focos de queimadas.

Ainda no norte da Espanha, um incêndio florestal em Baleira (Lugo) se tornou o maior deste ano na Galícia, de acordo com o El Pais e a Reuters. O Ministério de Assuntos Rurais espanhol informou que o fogo atingiu 1.400 hectares e, embora estabilizado, sua extinção está se tornando mais complicada, devido à força e a mudança de direção dos ventos.

Somente nos três primeiros meses deste ano, a Espanha registrou 28.400 hectares de incêndios florestais, segundo a EFE e o France24. Os números registrados pelos satélites da organização europeia EFFIS comprovam que a área é três vezes maior que a média do período 2006-2022. E também supera anos inteiros. Segundo o EFFIS, em 2008 foram afetados 10.073 hectares; em 2010, 19.770 hectares; e em 2014, 22.001 hectares.

No ano passado, cerca de 267.000 hectares queimaram na Espanha, tornando 2022 seu pior ano de destruição por incêndio desde 1994, segundo estatísticas do governo. Isso foi três vezes a média nacional da última década de 94.000 hectares. De acordo com o serviço de observação por satélite Copernicus da União Europeia, a Espanha foi responsável por 35% de todas as terras queimadas em incêndios florestais na Europa em 2022, informa a AP.

Além dos incêndios florestais, a Espanha também vive um calor anormal para esta época do ano, aponta o El Pais. Quarta-feira (29/3) foi “um dia excepcionalmente quente”, disse Rubén del Campo, porta-voz da Agência Meteorológica do Estado (AEMET). “Na maior parte de Espanha, exceto na zona mediterrânica, as temperaturas atingiram valores entre 7°C e 14°C acima do normal.”

O porta-voz da AEMET também destacou que foi registrado 37,8°C em Tasarte, nas ilhas Canárias. Noutras localidades do arquipélago, a temperatura rondava 35°C, mas, em geral, ultrapassavam 30°C somente nas zonas baixas das Canárias, “um ambiente mais típico do verão”.Em tempo: A seca mais longa dos últimos anos na Somália está afetando o mês sagrado do Ramadã, a maior celebração religiosa dos mulçumanos. A AP relata a situação de Hadiiq Abdulle Mohamed e sua família, que mal contam com água e alguma comida disponível enquanto muçulmanos de todo o mundo se reúnem para quebrar seus jejuns diários com jantares generosos. Mohamed está entre os mais de 1 milhão de somalis que fugiram de suas casas em meio à seca, enquanto cerca de 43.000 pessoas morreram somente no ano passado. Ela, o marido e os seis filhos agora se refugiam em um dos crescentes campos de deslocados ao redor da capital, Mogadíscio. Para piorar a situação, o Ramadã causou um aumento nos preços dos alimentos em um país que já lutava contra a inflação causada em parte pela invasão da Ucrânia pela Rússia e pelo declínio das colheitas locais ao longo de cinco estações chuvosas consecutivas. Milhões de animais que são essenciais para a dieta das pessoas morreram.

ClimaInfo, 4 de abril de 2023.

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