Aquecimento global está intensificando tornados mortais nos EUA, alertam cientistas

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Jeff Frame/Reuters

Uma sequência de tornados devastadores que atingiu partes dos estados do leste e sul dos Estados Unidos nas duas últimas semanas podem se tornar mais comuns devido às mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global. Mais de 50 pessoas morreram em decorrência dessas tempestades.

Somente neste ano, já foram contabilizados 385 tornados no país, segundo o Guardian. O mais recente e poderoso deles causou estragos no Alabama, em Illinois, Mississippi, Tennessee e Arkansas na sexta-feira passada (31/3).

Há muito tempo os tornados são uma ameaça para a região do meio-oeste do território estadunidense conhecida como “beco do tornado”, abrangendo partes do Texas, Oklahoma, Kansas e Nebraska. Pesquisadores dizem agora que há evidências de que esse “beco” está se movendo para o leste, informa o Guardian.

Embora a influência da mudança climática sobre os tornados ainda esteja sendo investigada e haja dúvidas sobre como se dá essa correlação, como pontuam o Gizmodo e o Axios, os cientistas dizem que as tempestades podem se tornar mais fortes, à medida que o mundo continua a aquecer devido à queima de combustíveis fósseis. A ligação entre aquecimento global e clima extremo é mais clara com ondas de calor sem precedentes e quantidades extraordinárias de precipitação, aponta o Washington Post.

Segundo John Allen, professor associado de meteorologia da Universidade do Michigan Central, há “amplas evidências” de riscos crescentes de tornados durante temporadas menos típicas de tempestades. Isso ocorreu no inverno recém-terminado, que trouxe atividade recorde desses eventos extremos em grande parte do sul dos Estados Unidos.

Um estudo recente prevê que, até 2100, o número médio anual de supercélulas – tempestades massivas e rotativas conhecidas por produzir os tornados mais severos – que atingirão o leste dos Estados Unidos aumentará em 6,6%, mostra a AP.

A AP também destaca que a geografia estadunidense é um fator que contribui para o país ser atingido por eventos climáticos extremos: dois oceanos (Pacífico e Atlântico), o Golfo do México, as Montanhas Rochosas e penínsulas como a Flórida. O texto ressalta a visão de especialistas de que “as pessoas pioraram muito o que, onde e como construímos”, e isso se soma agora aos efeitos das mudanças climáticas.

“Aperte o cinto. Mais eventos extremos são esperados”, disse à agência de notícias o chefe da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês), Rick Spinrad.

New York Times, Reuters e CNN também noticiaram os estragos provocados pela “avalanche” de tornados nos Estados Unidos nas últimas semanas.Em tempo: O Hurricane National Center (HNC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos elevou para categoria 5 o furacão Ian antes que ele atingisse o sudoeste da Flórida, em setembro do ano passado. A tempestade foi inicialmente classificada na categoria 4, com ventos de até 249 km/h, mas o HNC reclassificou a tormenta para o nível superior, com velocidade dos ventos de 259 km/h, segundo o Washington Post e o Yale Climate Connections. Ian não manteve os ventos de categoria 5 ao atingir a costa, mas se tornou uma das tempestades mais caras do país. Foram cerca de US$ 110 bilhões de prejuízos, além de mais de 150 mortos em sua passagem pelo Caribe e Florida, informam o Inside Climate News e o Sky News.

ClimaInfo, 5 de abril de 2023.

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