CPT: Indígenas foram as principais vítimas de conflitos no campo em 2022

conflitos no campo
Joedson Alves/EFE

O ano de 2022 foi marcado pelo crescimento de conflitos no campo e pela violência a eles associada e os Povos Indígenas foram as principais vítimas de ataques fatais. É o que mostra o relatório “Conflitos no campo Brasil 2022”, lançado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) na segunda-feira (17/4).

Em 2022, 47 pessoas foram assassinadas, um crescimento de 30,55% em relação a 2021 (36) e 123% em comparação com 2020 (21). Das pessoas assassinadas, 38% eram indígenas, o que totaliza 18 casos. Em seguida, aparecem trabalhadores sem-terra (9), ambientalistas (3), assentados (3) e trabalhadores assalariados (3). As mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, no Vale do Javari, no Amazonas, somam-se ao cenário crítico de vítimas dos conflitos agrários no ano passado, informa a Agência Brasil.

Impressiona também o aumento das tentativas de assassinato. Em 2022 foram registradas 123 ocorrências, 272,72% mais que as 33 registradas em 2021 – além de ser o maior registro em todo o século 21, de acordo com o Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno (CEDOC), da CPT. As ameaças de morte aumentaram 43,05%, passando de 144 para 206 entre 2021 e 2022.

Segundo o documento, no ano passado foram registradas 553 ocorrências de conflitos no campo, 50% a mais que as 368 ocorrências de 2021. Já o número de vítimas saltou de 819 em 2021 para 1.065 – um crescimento de 30%. A violência inclui assassinatos, tentativas de assassinato, ameaças, agressões, tortura e prisões. Esses números revelam a escalada da expressão mais grave de violência contra os povos do campo nos dois últimos anos do governo do inominável.

Mais uma vez, a Amazônia Legal abrigou o maior número de ocorrências de violência contra a pessoa (360), com 64,5%. O número é 39,5% maior do que o de 2021. A CPT afirma que a estabilidade da região como área em que mais existem conflitos relacionados à terra e à água revela a perenidade da expansão da fronteira agrícola. Entre 2011 e 2022, foram identificados 3.145 casos de violência contra a pessoa na Amazônia Legal – 64,45% do conjunto de violências dentro da categoria.

Com base no relatório, o Brasil de Fato destaca que o governo anterior é campeão em registros de invasão de territórios. Entre 2013 e 2022, a CPT identificou 1935 ocorrências de invasões de territórios no Brasil. Desse total, 1185 foram registradas durante os quatro anos do mandato do inominável, o equivalente a 61,25%.

Uma das soluções para os conflitos no campo é a demarcação das Terras Indígenas. Por isso, os Povos Originários se organizam para mais uma vez cobrar celeridade do governo nessas ações. O assunto será o tema principal do Acampamento Terra Livre (ATL), entre 24 e 28 de abril, em Brasília.

Além dos prejuízos pela inação governamental nas demarcações, um flagelo, ainda invisibilizado dos conflitos, é a violência contra as mulheres indígenas, destaca o Correio Braziliense. Em 2021, 176 indígenas foram mortos, com base em dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) de cada estado. Desses, segundo a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), 55 eram mulheres.

UOL, Veja, Pará Terra Boa e Brasil de Fato também deram destaque ao relatório da CPT sobre o aumento da violência no campo.

ClimaInfo, 18 de abril de 2023.

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