Nada como o Brasil firmar com a China uma série de acordos, inclusive na área ambiental, para fazer os Estados Unidos mostrarem serviço. É o que apontam diplomatas ouvidos por O Globo sobre o anúncio feito pelo presidente estadunidense, Joe Biden, de que vai pedir ao Congresso de seu país US$ 500 milhões para Fundo Amazônia – cerca de R$ 2,5 bilhões – nos próximos cinco anos. A promessa foi feita em reunião virtual do Fórum das Grandes Economias sobre Energia e Clima, que junta lideranças das 26 maiores economias do mundo, o que inclui o Brasil.
A nova cifra é dez vezes o valor anunciado durante a visita do presidente Lula à Casa Branca, em fevereiro, quando Biden prometeu ao Fundo Amazônia parcos US$ 50 milhões, e sem data para a doação, lembra o Estadão. Entretanto, o aporte prometido depende de aprovação dos congressistas americanos. O partido democrata, de Biden, tem maioria no Senado, mas a Câmara é dominada pelos republicanos, o que pode ser um problema para a obtenção desses recursos, relata a Folha.
Se Biden conseguir o sinal verde dos parlamentares, os Estados Unidos serão o segundo maior contribuinte do fundo – que foi paralisado durante o governo do inominável e somente com Lula voltou a ser operacionalizado. O Globo lembra que os EUA ficarão atrás apenas da Noruega, que doou US$ 1,2 bilhão (R$ 3,1 bilhões, corrigidos segundo a inflação) desde que o projeto foi lançado em 2008, no segundo mandato de Lula.
Os US$ 500 milhões, porém, podem ser só o início das doações estadunidenses ao combate ao desmatamento e a ações contra a crise climática no Brasil. A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, conversou com o assessor especial do governo Biden para o clima, John Kerry, e ouviu dele que o aporte pode chegar a US$ 2 bilhões, relatam Valor, Estadão e O Globo.
“Segundo a conversa com o secretário John Kerry, isso é apenas o início dos esforços para que possamos fazer uma alavancagem de algo em torno de US$ 2 bilhões, somando todas as frentes de atuação, não só apenas para o Fundo Amazônia”, disse Marina, em entrevista coletiva.
O Brasil é prioridade na administração Biden na área ambiental, diz o jornalista Guga Chacra n’O Globo. A relação com os brasileiros tende a seguir boa nessa área. Trata-se de um dos temas mais importantes para a Casa Branca e, além de ser algo de dimensão global, também tem o peso doméstico.
Também durante o fórum, o presidente Lula disse que não é possível atingir sustentabilidade ambiental em um mundo em guerra e que é “urgente” buscar uma relação de confiança entre os países. Novamente cobrou dos países desenvolvidos aportes para combater as mudanças climáticas e reforçou o compromisso de reflorestar 12 milhões de hectares, informam Folha, Estadão, Valor e O Globo.A doação dos EUA ao Fundo Amazônia foi destaque em vários veículos brasileiros e internacionais, como Agência Brasil, UOL, Metrópoles, Valor, New York Times e Washington Post.
ClimaInfo, 24 de abril de 2023.
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