A região do Baixo Tapajós, no Pará, sintetiza o legado antiambiental deixado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Além do desmonte dos órgãos de fiscalização ambiental e da leniência com a ilegalidade, a desinformação ainda dificulta o trabalho de quem quer “virar a página” e reconstruir o que se perdeu nos últimos quatro anos.
Na Folha, Ana Carolina Amaral e Pedro Ladeira visitaram a região e conversaram com pessoas impactadas pela irresponsabilidade do antigo governo. Uma delas é Marcelo Cwerner, um dos quatro brigadistas voluntários presos pela Polícia Civil do Pará em 2019 sob a acusação de incendiar uma área de proteção ambiental em Alter do Chão.
O inquérito foi aberto depois que apoiadores de Bolsonaro acusaram ambientalistas por incêndios na região, sem qualquer evidência. Mesmo com a falta de provas e o arquivamento do processo, Cwerner e os outros brigadistas ainda convivem com as mentiras disseminadas pelos bolsonaristas.
“Na Amazônia, os ataques a ambientalistas compõem o tripé da estratégia antiambiental bolsonarista, que persiste no tempo e se coloca entre os obstáculos do governo Lula”, destacou a Folha. “Além da perseguição a ambientalistas, o tripé contou com o apoio político a atividades ilegais e com as ‘boiadas’ (…) para desregulamentação de normas”.
Enquanto atacava ambientalistas sem provas, o antigo governo fez a festa com grileiros, garimpeiros e madeireiros ilegais. Além do enfraquecimento de órgãos de fiscalização, como o IBAMA, o discurso antiambiental do ex-presidente “empoderou” os criminosos, que passaram a atuar com mais ousadia.
O resultado disso é nítido: só na bacia do Xingu, também no sul do Pará, mais de 730 mil hectares de floresta foram derrubados nos quatro anos da gestão Bolsonaro, uma média de 200 árvores derrubadas a cada minuto. Os dados são do estudo Xingu sob Pressão, elaborado pela rede Xingu+ em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA). A Folha deu mais detalhes.
Em tempo: Por falar em desinformação, a turba bolsonarista aproveitou o episódio de um YouTuber autuado pelo IBAMA por criar uma capivara ilegalmente em cativeiro para atacar o órgão ambiental. “Estão atacando o IBAMA porque temos muitas ações no Amazonas, de embargo de áreas desmatadas, apreensões de gado em Terra Indígena, Unidade de Conservação. Esse caso acabou servindo para tentar desqualificar o trabalho”, disse o presidente do IBAMA, Rodrigo Agostinho, à Folha. O episódio mais irresponsável aconteceu no sábado (29/4), quando a deputada estadual Joana Darc invadiu o Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) do IBAMA e, ao melhor estilo bolsonarista, gravou uma live cobrando a devolução da capivara.
ClimaInfo, 2 de maio de 2023.
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