Os sinais trocados do desmatamento na Amazônia e no Cerrado

desmatamento Cerrado
Marcelo Camargo / Agência Brasil

Dados do sistema DETER, operado pelo INPE, indicam trajetórias distintas para o desmatamento na Amazônia e no Cerrado. Enquanto a área desmatada no primeiro bioma registrou uma queda de 41% entre janeiro e abril em relação ao mesmo período no ano passado, o segundo experimentou um aumento de 14,5% na mesma comparação.

Segundo o DETER, a Amazônia registrou alertas de desmatamento para uma área de 1.132,45 km2 nos quatro primeiros meses do ano, menor do que o medido no mesmo período em 2022 (1.967,69 km2), mas equivalente ao desmatamento observado em 2021 (1.153,27 km2) e 2020 (1.204,15 km2).

Já no Cerrado, o desmatamento entre janeiro e abril ficou em 2.133 km2, o maior dos últimos cinco anos, superior aos 1.886 km2 registrados no mesmo intervalo em 2022. Considerando somente o mês de abril, a alta nos alertas de desmate foi de 31% na comparação com 2022.

“Não é possível, dada a escala da análise e a cobertura das nuvens que interferem nessas medições, assegurar que esses números sejam definitivos”, destacou o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) em nota. A pasta informou que “determinou rigorosa apuração dos alertas identificados pelo DETER, a fim de verificar se foram desmatamentos autorizados pelos estados, visto que compete a eles emitir autorizações de supressão de vegetação nativa”.

Ao site Metrópoles, o presidente do IBAMA, Rodrigo Agostinho, explicou a diferença entre o desmatamento nos dois biomas. “Na Amazônia o forte do desmatamento é a busca por Terra Pública [grilagem]. Estamos atuando com força nos municípios e a tendência é de redução. No Cerrado, temos muito desmatamento legalizado, autorizado pelos estados. A lei permite que uma propriedade no Cerrado tenha autorizado o desmatamento de até 80% de sua área. Está muito mais fácil desmatar legalmente no Cerrado”, disse.

Ao mesmo tempo, dados do MMA mostram um aumento de 287% nos autos de infração ambiental na região amazônica nos quatro primeiros meses de 2023 em relação à média do mesmo período nos últimos quatro anos. Além disso, houve também um aumento de 210% na apreensão de produtos oriundos de infrações ambientais, como madeira ilegal, e de 216% nos embargos de uso de área desmatada ilegalmente. O UOL deu mais informações.

Agência Brasil, Brasil de Fato, CNN Brasil, Folha, g1, UOL, Valor e VEJA, entre outros, abordaram os dados parciais do desmatamento na Amazônia e no Cerrado em 2023.

Em tempo: Mauro Oliveira Pires, analista ambiental de carreira do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), foi escolhido pela ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima Marina Silva para presidir o órgão. Cientista social, desde 2020 Pires cursa doutorado em Desenvolvimento Sustentável na UnB. Possui ampla experiência no setor ambiental, onde foi consultor, pesquisador e assessor técnico. Entre 2007 e 2008 foi diretor de Programas da Secretaria Executiva (SECEX/MMA), quando exerceu entre suas funções a de secretário executivo substituto. Entre 2008 e 2012, foi diretor do Departamento de Políticas de Combate ao Desmatamento (DPCD) e responsável pelo Departamento de Articulação de Ações para a Amazônia (DAAM). Nesse período, foi responsável pela Secretaria Executiva do Plano de Prevenção e Controle ao Desmatamento na Amazônia (PPCDAm) e do Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado). A indicação de Pires foi destaque em ((o))eco e outros veículos.

ClimaInfo, 8 de maio de 2023.

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