Na Terra Yanomami, devastação em queda e medo em alta

mortes Terra Yanomami
Reprodução redes sociais / divulgação

O volume de alertas de desmatamento pelo garimpo ilegal acionados por satélites na Terra Yanomami caiu 96,6% em abril, em comparação a igual mês de 2022, informou a Polícia Federal. A boa notícia, porém, foi ofuscada pela descoberta de mais um corpo na comunidade Uxiu, área da TI com forte presença do garimpo ilegal. Com isso, já são 14 os mortos pelo conflito entre garimpeiros, indígenas e forças de segurança no território desde sábado retrasado (29/4). E o medo de que a violência se amplie está fazendo o governo aumentar sua presença na região.

Segundo a PF, as imagens de satélite identificaram 18 alertas de desmatamento no território Yanomami no mês passado, ante 444 alertas em abril de 2022, informa o UOL. Dados da corporação apontam que estão sendo conduzidos mais de 70 procedimentos investigativos sobre o envolvimento de suspeitos com a cadeia produtiva criminosa da região, que inclui membros de facções – como o PCC, que é uma espécie de “síndico” do garimpo ilegal, ressalta o Estadão – e de grandes grupos econômicos. Já foram bloqueados ou apreendidos R$ 138 milhões em operações contra o financiamento do garimpo ilegal, de acordo com a polícia.

Ao longo da semana passada, a PF informou que destruiu acampamentos, combustíveis e maquinários encontrados na TI, em locais que ainda têm garimpeiros em atividade. Além disso, a polícia realizou diligências relacionadas aos conflitos entre indígenas e invasores, relata a Época Negócios.

A violência na TI ganhou um novo capítulo no sábado (6/5), uma semana após um indígena ter sido assassinado por garimpeiros. A venezuelana Jenni Rangel, de 28 anos, foi encontrada morta com sinais de agressão sexual. Seu corpo estava próximo a uma cratera onde oito garimpeiros foram assassinados nos últimos dias, na comunidade Uxiu, e foi avistado durante sobrevoo da Força Nacional, que acionou a PF, detalha o g1. Segundo o Metrópoles, o marido e o enteado de Jenni estavam entre os oito mortos encontrados anteriormente.

A escalada da violência na TI Yanomami fez com que o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) pedisse reforços às pastas da Defesa e da Justiça e Segurança Pública. Na quinta (4/5), o ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou o envio de mais 220 agentes da Força Nacional à região.

“Estamos falando de quase 500 integrantes da Força Nacional, da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Federal dedicados exclusivamente à Roraima para que haja a conclusão dessa desintrusão, nessa fase mais complexa em que temos a presença de integrantes de facções criminosas que estão nesse território”, disse ele, de acordo com o Correio Braziliense.

Com a forte presença do PCC na região, a PF apura ameaças de morte feitas por integrantes da facção a funcionários do IBAMA e da FUNAI que atuam na TI, informa Guilherme Amado, do Metrópoles. Como um dos nove mortos nos últimos dias no território era apontado como integrante do crime organizado, isso teria gerado ameaças aos servidores públicos, segundo a corporação.

Outra preocupação do governo federal é com a visita de uma missão da ONU à TI Yanomami, liderada por Alice Wairimu Nderitu, assessora especial para Prevenção do Genocídio das Nações Unidas. Por causa da insegurança, o governo ainda pode cancelar a visita, segundo o Metrópoles. Nderitu fica no país até o dia 12 e já se reuniu com diversos ministros do governo, inclusive Silvio Almeida, dos Direitos Humanos.

A queda dos alertas de desmatamento e a violência na TI Yanomami foram destaque no Jornal Nacional, Folha, Poder 360, g1, Folha de Boa Vista, O tempo e Agência Brasil, entre outros.

ClimaInfo, 8 de maio de 2023.

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