Lá vem mais gás fóssil: Petrobras prevê ofertar mais 50 milhões de m3 diários

11 de maio de 2023
Petrobras gás fóssil
Sérgio Lima/Poder360

Um “choque de oferta positivo” de gás fóssil no Brasil: é o que a Petrobras promete para os próximos quatro anos. A despeito do nome do cargo, o diretor de Transição Energética e Energias Renováveis da estatal, Maurício Tolmasquim, afirmou que a petroleira pretende ampliar a oferta do combustível em 50 milhões de m3/dia até 2027. É cerca de 40% da atual produção brasileira, de 130 milhões de m3 diários.

De fato, é um choque ver a maior empresa estatal brasileira insistir na produção de combustíveis fósseis nesta altura do campeonato. Já está mais do que provado que é preciso interromper “pra ontem” o consumo de hidrocarbonetos – e isso apenas para evitar que o estrago das mudanças climáticas seja pior do que já está ocorrendo. Entretanto, a Petrobras segue com seus planos de investir em energia suja, seja o petróleo na foz do Amazonas, seja em gás fóssil – para este último serão pelo menos US$ 11 bilhões, informa o Valor.

Chocante também é que ainda não se sabe ao certo o que a estatal planeja quando o seu comando fala em investir em transição energética. As ideias não estão correspondendo aos fatos, já que o próprio Tolmasquim disse que esse investimento virá “sem matar a galinha dos ovos de ouro” – a produção de petróleo e gás fóssil. Mas como se dará isso e, sobretudo, no que a empresa vai investir, ainda é nebuloso.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, quando ainda era senador, foi um dos autores da proposta de regulamentação das eólicas offshore no Brasil. Já à frente da companhia, Prates anunciou alguns acordos e repetiu que o segmento é um dos focos da petroleira em renováveis. Mas são planos futuros. E hoje?

Outra aposta da Petrobras é na descarbonização via captura e estocagem de dióxido de carbono, o chamado CCS. A tecnologia virou a “queridinha” da indústria de óleo e gás porque, com ela, as petroleiras avaliam que não precisariam ter tanta pressa em interromper sua produção, já que poderiam captar gás carbônico e armazená-lo, evitando assim as emissões.

Entretanto, o CCS ainda não passa de um projeto. A efetividade de tal inovação não está comprovada. Até que isso aconteça – se acontecer –, bilhões e bilhões de barris de petróleo e gás continuarão sendo queimados, sujando ainda mais o que já está sujo.

Também entusiasta do gás fóssil e da produção de petróleo na foz do Amazonas, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse nesta semana que “é uma insanidade deixarmos de usar energia limpa para queimarmos energia fóssil e mais cara”. Silveira se referia à possibilidade de importar energia da hidrelétrica de Guri, na Venezuela, para abastecer Roraima. Mas, pelo visto, para o resto, essa regra não vale. “Faça o que eu digo, não faça o que eu faço”.

O “choque de oferta” de gás fóssil foi noticiado por Valor, epbr, Poder 360, Estadão e Época Negócios.

Em tempo 1: Reservatórios de óleo e gás no Brasil que já esgotaram sua produção poderão ser utilizados para estocar tanto gás fóssil como CO2. A partir de julho, a ANP vai realizar estudos geológicos para identificar áreas ideais para essas atividades, consideradas promissoras pela indústria petrolífera, disse Claudio Jorge de Souza, diretor da autarquia. A agência vislumbra que no futuro as áreas identificadas possam ser leiloadas. Entre os estudos e a concessão das áreas consideradas promissoras, segundo Souza, espera-se um intervalo de um ano, informam Valor, Poder 360 e PetróleoHoje.

Em tempo 2: A Polícia Federal em Angra dos Reis (RJ) cumpriu mandado de busca e apreensão na usina nuclear de Angra 1 na quinta-feira (11/5) para investigar um vazamento de água contaminada, ocorrido em setembro de 2022, que a Eletronuclear, responsável pela planta, demorou a comunicar às autoridades fiscalizadoras. A PF abriu dois inquéritos para apurar possível crime ambiental e também a suposta omissão dos servidores da usina que deixaram de avisar o IBAMA e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) sobre o lançamento do material radioativo no mar. Um dos principais objetivos da PF, segundo O Globo, é descobrir se a quantidade vazada foi de fato pequena. Por isso, os investigadores buscam documentos e imagens de câmeras que tenham captado o vazamento.

ClimaInfo, 12 de maio de 2023.

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