A Amazônia Legal registrou em 2023 a menor taxa de alertas de desmatamento para o mês de abril em quatro anos. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) registrou alertas de desmatamento de 328,71 km² do bioma mês passado. É uma queda de 67,97% em relação a igual mês de 2022, quando os alertas somaram 1.026,35 km².
O dado quebra a tendência de aumento de devastação florestal no mês, que vem sendo observada desde a virada de 2019 para 2020. Enquanto abril de 2019 contabilizou 247,39 km² de desmatamento, 2020 registrou 407,2 km². Em 2021, a soma dos alertas subiu para 579,98 km², número que aumentou 76,96% em igual mês de 2022, quando esta soma chegou a 1.000 km², relembra a CNN.
Foi a primeira grande queda do desmatamento na Amazônia no governo Lula, destaca o g1. Com os números de abril, a perda florestal no 1º quadrimestre caiu 40,4% na comparação anual, para 1.173 km². Além disso, interrompeu uma sequência de dois meses consecutivos de devastação mais elevada que no ano anterior.
Os dados do INPE são um sinal positivo, indicam que as ações do governo federal no combate à devastação estão surtindo algum efeito. Entretanto, especialistas alertam que ainda é muito cedo para confirmar a manutenção da tendência de queda. Afinal, o pico anual do desmatamento na Amazônia costuma ocorrer de julho a setembro.
“São vários fatores que podem estar relacionados. Temos, óbvio, essa mudança de governo, pode ter uma influência, sim. A agenda ambiental foi retomada, mas sabemos que precisa de tempo para poder colher os frutos dessa retomada”, destacou o especialista em conservação do WWF-Brasil, Daniel Silva.
É fato que “precaução e caldo de galinha não fazem mal na ninguém”. Mas os números do INPE podem ser considerados uma “vitória” de Lula às vésperas da reunião do G7, pontua Nelson de Sá, da Folha. “O dado antecede o encontro do presidente com os colegas que mais pressionam contra a derrubada, como Joe Biden”, explica.
Valor, Correio Braziliense, Poder 360, Veja, Carta Capital, Um só planeta, Agência Brasil e g1 também destacaram a queda no desmatamento na Amazônia em abril.
Em tempo: Se o desmatamento na Amazônia deu um alívio em abril, no Cerrado a situação foi inversa, mostram os dados do INPE. O bioma perdeu 782 km² de vegetação no mês passado, e no quadrimestre a devastação soma um recorde de 2.206 km², quase duas vezes o tamanho da cidade do Rio de Janeiro. Para os especialistas, os números representam uma ameaça não apenas à biodiversidade e aos Povos Tradicionais da região, mas podem levar a crises mais amplas no fornecimento de recursos básicos, tais como água, energia e alimentos, alertam a Agência Brasil e o Diário de Pernambuco. A Folha destaca que a interação do Cerrado com a Amazônia tem papel fundamental no regime de chuvas e no abastecimento de corpos hídricos do país. No entanto, o bioma sofre ainda mais do que a Amazônia com a falta de destinação das Terras Públicas. O governo prevê começar em julho a atualização do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento no Cerrado. Seu par para a Amazônia, o PPCDAm, que está em fase de análise das contribuições recebidas em consulta pública.
ClimaInfo, 15 de maio de 2023.
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