Incêndios florestais no Canadá levam fumaça a várias regiões dos EUA

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Jonathan_dfg/Twitter

Sofrendo com incêndios florestais há quase 15 dias, a província de Alberta, no oeste do Canadá, prevê um alívio do fogo nos próximos dias. As autoridades locais esperam que temperaturas mais baixas e chuvas previstas para esta semana ajudem os bombeiros a combater os incêndios na província, rica em petróleo – e que teve de interromper a produção do combustível fóssil por causa das chamas.

A temporada de incêndios florestais na região está 2.000 vezes mais intensa do que a registrada no ano passado. Este ano, o Alberta Wildfire respondeu a 496 incêndios florestais que queimaram mais de 842.000 hectares, em comparação com apenas 459 hectares em 2022, relata a Reuters.

A fumaça dos incêndios florestais no Canadá cruzou a fronteira e gerou alertas de qualidade do ar em vários estados dos EUA no fim de semana. Colorado, Utah, Montana e Idaho emitiram alertas e avisos de má qualidade do ar, informa o Axios. A má qualidade do ar está sendo registrada também em estados muito distantes, como Missouri e Nova York, informa a CNN.

À medida que o fogo continua queimando florestas em Alberta e também na vizinha Columbia Britânica, mais fumaça se espalha pela América do Norte. Segundo o EarthSky, os meteorologistas até registraram um grande redemoinho de fumaça, imitando uma tempestade ciclônica girando em torno de um sistema de baixa pressão.

Chris Migliaccio, toxicologista da Universidade de Montana que estuda o impacto da fumaça de incêndios florestais na saúde humana, alerta no The Conversation sobre os riscos à saúde quando a fumaça de incêndios florestais distantes se espalha.

“A exposição a PM2,5 (material particulado menor que 2,5 microns, pequeno o suficiente para que possa penetrar profundamente nos pulmões) proveniente de fumaça ou outra poluição do ar pode agravar condições de saúde como asma e reduzir a função pulmonar de maneiras a ponte de agravar problemas respiratórios existentes e até mesmo doenças cardíacas.”

A disseminação da fumaça dos incêndios florestais no Canadá também foi noticiada por npr, CBC, US News e ABC News.

Em tempo 1: Quase 40% da área queimada por incêndios florestais no oeste dos EUA e no sudoeste do Canadá nos últimos 40 anos pode ser atribuída às emissões associadas aos 88 maiores produtores de combustíveis fósseis e fabricantes de cimento do mundo. Em pesquisa publicada na Environmental Research Letters, os autores concluíram que as emissões geradas na extração de combustíveis fósseis, bem como a queima desses combustíveis, aumentaram a quantidade de terra queimada por incêndios florestais, elevando as temperaturas globais e amplificando a seca em todo o Ocidente, relata o phys.org.

Em tempo 2: Um incêndio florestal no sudoeste da Espanha queimou pelo menos 7.500 hectares de terra e forçou a evacuação de mais de 500 pessoas desde que começou, na quarta-feira passada (17/5). Os esforços para combater o “enorme e difícil” incêndio nas áreas de Las Hurdes e Sierra de Gata, no norte da Extremadura, estão sendo dificultados por fortes ventos, segundo o governo regional, que afirma que o incêndio foi iniciado deliberadamente. Pessoas em três aldeias – Cadalso, Descargamaría e Robledillo de Gata – foram evacuadas e três estradas principais fechadas, informam Guardian, Reuters e Al Jazeera.

Em tempo 3: Mais de três anos após uma das piores temporadas de incêndios florestais registradas na Austrália, seu legado tóxico está se tornando mais claro – e expondo os riscos potenciais à saúde que estão por vir em regiões cada vez mais propensas a incêndios, da América e Europa à Ásia e África. O país tem registrado cada vez mais casos de crianças e adolescentes com problemas respiratórios e até mesmo bebês nascidos prematuros e abaixo do peso por causa dos incêndios do “Black Summer”, que assolaram o leste australiano por meses, matando 33 pessoas e expelindo fumaça que contribuiu para outras 429 mortes estimadas. Entre julho de 2019 e março de 2020, as chamas consumiram 24 milhões de hectares de terra – uma área equivalente a metade da Califórnia – devastando florestas, carros, metais, plásticos e milhares de edifícios, lembra a Bloomberg.

ClimaInfo, 23 de maio de 2023.

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