Inundações históricas deixam mais de 36 mil pessoas desabrigadas no norte da Itália

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Emanuele Valeri/EPA

A pior tempestade a atingir a Itália nos últimos 100 anos desabrigou mais de 36 mil pessoas na região de Emilia-Romagna, no norte do país. As enchentes se intensificaram e cobriram ainda mais casas, e novos deslizamentos de terra isolaram aldeias. Até sábado (20/5), 14 mortes tinham sido registradas.

Como as precipitações continuavam, autoridades locais estenderam o alerta na região até domingo (21/5). A calamidade fez a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, que estava no Japão participando do encontro do G7, antecipar seu retorno ao país.

Em 36 horas, Emilia-Romagna recebeu uma média de 200 mm de chuva, embora algumas áreas tenham registrado pelo menos 500 mm. Dado que a região recebe uma média de 1.000 mm por ano, 50% da precipitação média anual caindo em um curto período de tempo causou inundações substanciais, destaca o Guardian.

As inundações foram agravadas pela seca dos meses anteriores, que reduziu a capacidade dos solos de absorver e armazenar água. As águas submergiram milhares de hectares de terras agrícolas, cidades e vilas, levando à fuga de milhares de pessoas.

As inundações podem ter causado danos às plantações de cerca de US$ 1,6 bilhão, segundo estimativa preliminar da associação agrícola Confagricoltura. Além disso, o impacto no estoque imobiliário da Itália pode chegar a US$ 3,2 bilhões por ano, de acordo com um estudo recente do Banco da Itália destacado pela Bloomberg.

As inundações na Itália provocaram um “jogo de empurra” entre autoridades do país. E uma torrente de perguntas sobre por que grandes quantias de financiamento alocadas para obras estruturais para combater a instabilidade hidrogeológica nunca foram usadas.

O Politico destaca que a Itália é particularmente vulnerável a inundações: 94% dos municípios correm risco de deslizamentos de terra, inundações ou erosão costeira; e mais de 8 milhões de pessoas são afetadas, segundo um relatório de 2021 do ISPRA, o instituto nacional de pesquisa e proteção ambiental.

A degradação da terra e do solo – muitas vezes desencadeada pela atividade humana, como desmatamento, construção ilegal, agricultura intensiva e má manutenção dos cursos de água – é cada vez mais agravada por eventos climáticos extremos, associados às mudanças climáticas.

France24, RFI, CNN, Independent, New York Times, Le Monde e AP também noticiaram as tempestades históricas na Itália.

Em tempo: O ciclone Mocha, que atingiu o sudeste asiático no final da semana retrasada com ventos de mais de 200 km/h e chuvas torrenciais, matou 145 pessoas em Mianmar, sendo 117 delas da minoria muçulmana Rohingya, de acordo com dados oficiais do governo militar do país. Segundo a AP, esse número se refere apenas ao estado de Rakhine, no oeste, onde Mocha causou o maior dano, mas o governo não disse quantas mortes relacionadas à tempestade ocorreram em outras partes do país. A Reuters informa que, de acordo com sobreviventes, mais de 400 teriam morrido, além de haver muitos desaparecidos, o que o governo nega. A ONU relatou que pelo menos 800.000 pessoas precisam de ajuda alimentar de emergência e outros tipos de assistência, conta a Al Jazeera. Enquanto Rakhine foi atingido diretamente pelo ciclone, a ONU estima que 150.000 pessoas no noroeste do país também foram fortemente afetadas, informa a CNN.

ClimaInfo, 22 de maio de 2023.

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