Algoritmo projeta futuro da Floresta Amazônica e alerta sobre ponto de não retorno

23 de maio de 2023
algoritimo Caetê
Divulgação

Um clima mais seco na região amazônica, com queda de 50% nas chuvas regulares, pode reduzir em quase 58% os índices de estocagem de carbono da Floresta Amazônica. Essa diminuição drástica se deveria a um aumento de armazenagem de dióxido de carbono nas raízes da vegetação, em vez da absorção por folhas e troncos, que têm maior capacidade de acúmulo. E isso mexe também com o ponto de não retorno da floresta, quando ela não será mais capaz de se recuperar e fixar CO2.

As projeções foram feitas pelo Caetê, o primeiro algoritmo brasileiro capaz de “prever” o futuro da Floresta Amazônica, apresentando cenários de transformações da vegetação provocadas pelas mudanças climáticas. Na língua tupi-guarani, “Caetê” significa “mata virgem”. O nome vem da sigla CArbon and Ecosystem functional-Trait Evaluation model, explica a Folha, e seus primeiros resultados foram descritos em artigo publicado na Ecological Modelling.

Desenvolvido por pesquisadores da UNICAMP, o Caetê simula fenômenos da natureza usando equações matemáticas alimentadas por dados como chuva, incidência solar e níveis de CO2. Com essas informações, o algoritmo responde qual pode ser a taxa de fotossíntese em determinadas condições, ou em qual parte a planta estocará mais carbono. Assim, é possível saber quanto carbono a floresta pode armazenar e em qual ponto a vegetação nativa não se recupera mais.

Os algoritmos atuais usam como base um pequeno conjunto dos chamados tipos funcionais da planta (PFT, na sigla em inglês), com sub-representação da diversidade. Isso faz com que a combinação de características encontradas nos ecossistemas-modelo seja simplificada, gerando cenários limitados. A grande diferença do Caetê é justamente ampliar essa diversidade, dando mais precisão às projeções, destacam a Agência FAPESP e o UOL.

A pesquisa com o novo algoritmo trouxe mais evidências de que a inclusão da variabilidade e de diversidade pode ter implicações para a modelagem do ponto de não retorno, ou de inflexão. Por isso, para os cientistas do projeto, o Caetê pode fornecer dados para tomada de decisões e construção de políticas públicas.

Em tempo: A Amazônia Legal tem 148 quilombos titulados pelo Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária (INCRA), que abrigam 11.754 famílias. Há outros 583 processos de titulação em andamento na região. A partir de dados de 144 dessas Terras Quilombolas, entre tituladas e em processo, levantamento do InfoAmazonia constatou que, mesmo cercados por manchas de desmatamento, 99% deles mantiveram os registros de devastação praticamente inalterados nos últimos 13 anos. É a prova de que os quilombolas na Floresta Amazônica, assim como os Povos Indígenas, formam verdadeiros escudos de proteção, destaca ((o))eco, conservando a vegetação e impedindo (até onde é possível) o avanço do desmatamento e de invasores.

ClimaInfo, 24 de maio de 2023.

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