França proíbe voos domésticos de curta duração em trechos com alternativa de trem

França voos trens
EPA/ GETTY IMAGES

Uma lei na França entrou em vigor nesta semana proibindo a oferta de voos comerciais domésticos de curtas distâncias em trechos em que houver a alternativa de viagens férreas de menos de duas horas e meia. A medida integra o “pacote climático” discutido e aprovado pelo governo de Emmanuel Macron nos últimos anos e tem como objetivo reduzir a pegada de carbono da aviação civil francesa.

Especialistas colocam em xeque a efetividade da medida, pois a proibição afetará um número reduzido de voos nos céus do país. Os trechos mais afetados são aqueles que ligam a capital do país, Paris, a cidades como Nantes, Lyon e Bordeaux. No entanto, voos de conexão não foram incluídos na proibição, o que abre margem para que as companhias aéreas sigam operando nesses trechos, ainda que com menos viagens.

“Com menos de 5 mil viagens anuais, esses voos representam apenas uma parte mínima do tráfego aéreo doméstico na França, que soma quase 200 mil viagens por ano. A medida atinge cerca de 500 mil passageiros anuais de um total de 16 milhões”, destacou o jornal Le Monde.

O britânico Times destacou o intenso lobby de autoridades locais e companhias aéreas para que a proibição – que originalmente contemplava mais trechos e tipos de voo – fosse enfraquecida. Em parte, a pressão da indústria da aviação civil teve peso na decisão final do governo francês, já que o setor ainda convive com os efeitos das restrições impostas pela pandemia de COVID-19 desde 2020, que derrubaram os fluxos de viagem aérea nos últimos anos.

A proibição a voos domésticos de curta distância na França foi abordada por diversos veículos no exterior, com destaque para BBC, CNN, CNBC, Independent e Sky News.

Em tempo: Um estudo da organização Transport & Environment (T&E) trouxe dados animadores para a adoção de aeronaves a hidrogênio, uma das opções mais estudadas pelas empresas do setor para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa. De acordo com a análise, a operação média de uma aeronave a hidrogênio poderá ser mais barata do que os aviões tradicionais até 2035, desde que os países definam um imposto sobre os combustíveis fósseis e mecanismos para precificação de carbono. O estudo analisou especificamente os efeitos dessa mudança na aviação civil da União Europeia, um dos hubs aéreos mais movimentados do planeta. Em termos de custos, a análise aponta que a implantação de aviões a hidrogênio exigirá investimentos de 300 bilhões de euros nos próximos anos. A reportagem é do Financial Times, republicada em Português pela Folha.

ClimaInfo, 25 de maio de 2023.

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