Pesquisadores identificam mais de 5 mil espécies marinhas ameaçadas por mineração no fundo do mar

espécies marinhas ameaçadas
Smartex Project/NERC

Uma pesquisa inédita identificou mais de 5 mil novas espécies marinhas que vivem no fundo mar em uma área intocada do Oceano Pacífico que é alvo de interesses de governos e mineradoras para futuros projetos de mineração em alto mar. Essa riqueza natural ainda amplamente desconhecida pode ficar sob risco caso a exploração mineral saia do papel.

A área analisada é a Zona Clarion-Clipperton (CCZ), de mais de 4,4 milhões de km2 que se estende desde o Havaí até a costa mexicana. Para efeito de comparação, essa área é equivalente a cerca de duas vezes o território da Índia ou 80% de todo o bioma amazônico, bem superior à floresta amazônica brasileira (2,9 milhões de km2). Os animais identificados pelo estudo são, em sua maioria (perto de 90%), novos para a ciência, sendo que quase todos são exclusivos da região. A pesquisa foi publicada na revista Current Biology.

Essa região também tem chamado a atenção pelo potencial de extração mineral no fundo do mar. O estudo identificou também contratos de exploração com 17 mineradoras em uma área que soma 1,9 milhão de km2 dentro da CCZ. As empresas, apoiadas por países como China, Estados Unidos e Reino Unido, querem explorar minerais como cobalto, manganês e níquel, com foco particular nas cadeias de fornecimento para a indústria de baterias elétricas e equipamentos energéticos como painéis fotovoltaicos e turbinas eólicas.

“Compartilhamos este planeta com toda essa incrível biodiversidade e temos a responsabilidade de compreendê-la e protegê-la”, disse Muriel Rabone, ecologista de águas profundas do Museu Natural de Londres e uma das autoras do estudo. “Existem tantas espécies notáveis na CCZ, e com a possibilidade de mineração iminente, é duplamente importante que saibamos mais sobre esses habitats tão pouco estudados”.

O estudo foi amplamente divulgado na imprensa, com destaques na Bloomberg, Guardian, New Scientist, Wall Street Journal e Washington Post, entre outros veículos.

ClimaInfo, 29 de maio de 2023.

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