O [des]governo de Jair Bolsonaro (PL) sabia desde 11 de maio de 2020 que a pandemia poderia ser uma brecha para aumentar o desmatamento e o garimpo ilegal na Amazônia. E que tais crimes exporiam Povos Indígenas à COVID-19. Os alertas são de um relatório da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), enviado para a Casa Civil, então comandada pelo general da reserva do Exército, Walter Braga Netto – e solenemente ignorado.
O relatório sigiloso “Desmatamento, queimadas e garimpos no contexto do covid-19 (sic)”, de sete páginas, pontua que a crise do coronavírus colocava “desafio (sic) adicionais à atuação do Estado no combate ao garimpo ilegal na Amazônia”, conta a Agência Pública. E apontou que “a crise relacionada à pandemia de COVID-19 conforma contexto potencialmente mais propício às ações de desmatamento”.
O alerta da ABIN se concretizou, já que houve total descaso do inominável. E hoje o governo Lula corre para estancar a sangria criminosa que se instalou na Amazônia. Nesta semana, está prevista uma nova operação do Exército contra garimpeiros que ocupam a Terra Yanomami, em Roraima, conta Lauro Jardim, d’O Globo.
Na semana passada, a Polícia Federal e o IBAMA deflagraram uma operação para desarticular uma associação criminosa envolvida na extração ilegal de ouro e diamantes em Terras Indígenas em Rondônia, informam Folha e Agência Brasil.
A Operação Oraculum atuou nos maiores pontos de alertas de desmatamento e exploração garimpeira na Terra Indígena Roosevelt e no Parque Aripuanã.
No Pará, a Operação Acupary, do IBAMA e do ICMBio, desmantelou ação criminosa que dava suporte a garimpos ilegais em Terras Protegidas e Unidades de Conservação no Baixo Tapajós. A equipe de fiscalização apreendeu cinco aeronaves, três camionetes, 42 mil litros de diesel para uso de máquinas de mineração, 1.600 litros de gasolina de avião, uma pistola com numeração raspada e uma carabina.
Já a Operação Ágata Amazônia, das Forças Armadas e do IBAMA, apreendeu e destruiu ao menos 29 embarcações utilizadas pelo garimpo ilegal em rios do Amazonas, próximo à fronteira com a Colômbia. Entretanto, garimpeiros, funcionários do governo e pessoas ligadas ao tráfico de ouro estimam haver cerca de 150 dragas operando no rio Puruê e seus afluentes e outras 150 ao longo do vizinho rio Juami, que passa pela Estação Ecológica Juami-Japurá, relata a Folha.
Em tempo: Em ação do Ministério Público Federal (MPF), a Justiça decidiu que os R$ 10 milhões obtidos pela Agência Nacional de Mineração (ANM) em um leilão de 200 toneladas de cassiterita, realizado em fevereiro, deverão ser repassados para a FUNAI e a União para o combate do garimpo ilegal na Terra Yanomami. A cassiterita leiloada pela ANM havia sido extraída de forma ilegal da TI. A agência ficaria com o dinheiro, mas para o MPF, se isso acontecesse, a ANM seria uma espécie de sócia do garimpo ilegal que ela deveria combater, explica a Agência Brasil.
ClimaInfo, 30 de maio de 2023.
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