Milícias rurais instalam clima de terror no interior do Pará

Pará milícias rurais
Comissão Arns

Palco praticamente certo da 30ª Conferência da ONU sobre Mudança do Clima (COP30), prevista para 2025, o estado do Pará também testemunha um avanço preocupante da violência no campo, com os antigos jagunços sendo substituídos por milícias rurais que espalham terror e medo entre comunidades indígenas e tradicionais.

O alerta foi dado pela Comissão Arns, que divulgou nesta 5ª feira (1º/6) o relatório Pará: sem justiça não há paz. O documento compila relatos de vítimas, testemunhas e autoridades locais, tomados em abril passado, sobre a situação de insegurança no sul e no sudeste paraenses. Na época, a Comissão visitou os municípios de Marabá, Eldorado dos Carajás, Anapu, Altamira e a capital, Belém.

Os episódios narrados são assustadores. Incêndios de casas, envenenamento de comunidades inteiras com agrotóxicos, ataques de bandos armados, desaparecimentos e homicídios sem solução aparecem em diversos relatos. As regiões afetadas pela violência são marcadas por conflitos fundiários entre assentados e grileiros, além da atuação de empresas com interesses econômicos em áreas ocupadas por populações tradicionais.

“O histórico de crimes emblemáticos, como o massacre de Eldorado dos Carajás, de 1996, e o assassinato da missionária Dorothy Stang, em 2005, mostra que a precariedade da segurança pública nessas localidades não é recente nem desconhecida, mas prevalece há décadas, e piorou nos últimos anos com políticas armamentistas e a formação de milícias rurais, para além da velha pistolagem”, destacou o ex-ministro Paulo Vanucchi, integrante da Comissão Arns.

O relatório, que foi entregue em mãos ao ministro da Justiça, Flávio Dino, também traz recomendações às autoridades federais e estaduais para combater o banditismo e a violência contra os Povos Tradicionais e assentados. Em particular, o documento sugere uma grande operação de segurança pública, desarmamento e fiscalização nessas áreas do Pará, além da revitalização do Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos (PPDDH).

Folha, g1 e UOL destacaram o relatório e as principais sugestões de resposta do poder público à violência rural no Pará.

ClimaInfo, 2 de junho de 2023.

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