Um ano depois de assassinados, legado de Bruno e Dom em defesa da Amazônia e dos Povos Indígenas é perpetuado por jornalistas

Bruno & Dom 1 ano
Forbidden Stories

5 de junho de 2022. O tempo pode passar rápido para a maioria das pessoas, mas para quem era próximo do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, o último ano pareceu ter durado muito mais. Para além da dor da perda repentina e injustificada e da revolta pelo crime hediondo, amigos e familiares da dupla buscaram inspiração no trabalho deixado por eles para levar adiante aquilo que mais aquecia seus corações: a defesa da Amazônia e dos Povos Indígenas que nela vivem.

“Os assassinos de Bruno e Dom não conseguirão impedir que essa história seja contada”, destacou a Forbidden Stories, um consórcio internacional de imprensa que reuniu mais de 50 jornalistas de 16 veículos de comunicação em torno do Projeto Bruno & Dom. O propósito desta iniciativa é seguir a luta de Bruno Pereira e Dom Phillips, apurando, documentando e relatando ao mundo o que acontece na Amazônia.

Entre os veículos que se uniram sob o Projeto Bruno & Dom, estão a Amazônia Real, Folha de S.Paulo, Intercept Brasil, Guardian (onde Dom trabalhou em seus últimos anos de vida), Der Standard (Áustria), Expresso (Portugal), Le Monde (França), Repórter Brasil e TV Globo, além da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI) e do Bureau of Investigative Journalism (TBIJ).

Além do projeto, familiares de Dom Phillips confirmaram nesta 5ª feira (1º/6) que o livro que ele estava escrevendo na época de seu assassinato, “Como salvar a Amazônia: Pergunte às pessoas que sabem”, será concluído e publicado por uma equipe de jornalistas premiados. Entre os colaboradores que terminarão o trabalho de Dom, estão Eliane Brum (Sumaúma), Kátia Brasil (Amazônia Real), Jon Lee Anderson (New Yorker), Tom Phillips e Jonathan Watts (Guardian), e Andrew Fishman (Intercept Brasil).

A família de Dom Phillips também lançou uma campanha de financiamento coletivo para apoiar o trabalho de conclusão do livro, viabilizando as viagens de campo necessárias para fazer aquilo que ele queria para a obra – “um livro de viagem ambiental conduzido pelos personagens, profundamente pesquisado e ativista, que tem como objetivo entreter, informar e, mais importante, mobilizar os leitores”. Associated Press e Reuters deram mais informações.

Outro projeto em homenagem a Bruno e Dom será lançado nesta 6ª feira (2/6): o documentário “Vale dos Isolados: O Assassinato de Bruno e Dom”, produzido pela jornalista Sonia Bridi para a plataforma de streaming Globoplay. A obra reconstitui os últimos dias de Bruno e Dom e mostra as investigações em torno do caso e a repercussão internacional.

A produção mostra também imagens inéditas feitas pela equipe da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (UNIVAJA) durante as buscas por ele na floresta; em uma das cenas, eles localizam uma série de objetos pertencentes à dupla que não tinham sido localizados pela polícia, como o celular de Bruno Pereira. É de lá que eles obtiveram as últimas imagens em vida de Bruno e Dom.

Em tempo: Vale a pena conferir o especial do Guardian sobre Bruno e Dom e o trabalho de amigos e familiares deles por Justiça e para levar adiante o trabalho em defesa dos indígenas e da Amazônia. Em artigo, a viúva de Dom Phillips, Alessandra Sampaio, sintetiza esse esforço e os desafios para viabilizar os sonhos deixados por Bruno e ele. “Apesar da repercussão do caso e da recente mudança de governo no Brasil, que me traz esperança, continuam existindo violência, ameaças e criminalidade no Vale do Javari e em outras regiões da floresta tropical. Então, para mim, a Justiça ainda está longe de concluída”, escreveu, em texto traduzido pela Folha.

ClimaInfo, 2 de junho de 2023.

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