O calor intenso registrado em diversos pontos no Hemisfério Norte nos últimos dias pode causar uma crise de saúde pública, com risco de mortes em decorrência de problemas cardiorrespiratórios. O problema se agrava pela persistência das altas temperaturas, que devem se manter nas próximas semanas em áreas da Europa Mediterrânea, América do Norte, Oriente Médio e Ásia Central.
De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (WMO), o calor intenso e prolongado, que não diminui significativamente no período noturno, é particularmente perigoso à saúde humana. Com temperaturas mínimas mais altas do que o normal, o corpo não consegue se recuperar plenamente no período de descanso noturno, o que pode resultar em um aumento de casos de ataques cardíacos e morte.
“Precisamos que o mundo amplie sua atenção para além da temperatura máxima. Em muitos locais onde a máxima está chegando a 40oC ou mais, a temperatura ainda pode estar perto de 40oC à meia-noite. Nessas circunstâncias, a temperatura mínima é mais importante para a saúde e para a falha da infraestrutura crítica durante ondas de calor extremo”, alertou John Nairn, consultor de calor extremo da WMO.
A Bloomberg destacou a formação de quatro “domos de calor” – áreas de alta pressão que comprimem o ar no solo e aquecem a coluna de ar, intensificando o calor. Elas estão estacionadas no sudoeste dos Estados Unidos e norte do México; na bacia do Mediterrâneo; entre a Ásia Central e o subcontinente indiano; e no Atlântico central.
O fato do calor intenso estar acontecendo em áreas onde ele não é comum também prejudica a condição das populações locais de suportar o clima extremo. Na Europa e nos Estados Unidos, por exemplo, as construções costumam ser feitas tendo em vista o clima mais frio do inverno, com materiais que conservam o calor. Com o clima mais quente, essas construções se tornam “estufas”, já que a dissipação é menor. Isso é mais um exemplo da necessidade dos governos pensarem em adaptação urgentemente.
“O clima extremo, uma ocorrência cada vez mais frequente em nosso clima em aquecimento, está tendo um grande impacto na saúde humana, ecossistemas, economias, agricultura, energia e abastecimento de água”, disse o secretário-geral da WMO, Petteri Taalas. “Temos que intensificar os esforços para ajudar a sociedade a se adaptar ao que infelizmente está se tornando o novo normal”.
BBC e Reuters abordaram o alerta da WMO sobre os efeitos do calor intenso sobre a saúde humana.
ClimaInfo, 19 de julho de 2023.
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