Ferramenta combina efeitos macroeconômicos com governança local para prever perda de vegetação, e resultados podem informar políticas públicas e iniciativas privadas para redução do desmatamento.
Em parceria com o Banco Mundial, pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) criaram uma plataforma na qual é possível prever o risco de desmatamento e estimar as áreas futuramente desmatadas nos estados da Amazônia Legal. A ferramenta foi desenvolvida a partir de análises feitas para a nota técnica “Cenários espaço-temporais para o desmatamento na Amazônia Legal brasileira”, elaborada por Andrea Garcia, Rafaella Silvestrini, Lais Ferreira e Alvaro Batista, do IPAM, e Marek Hanusch, Philipp Kollenda, Carla Uehara e Dieter Wang, do Banco Mundial.
A ferramenta combina os efeitos macroeconômicos com governança local para prever a perda de vegetação nativa na região, e os resultados podem informar políticas públicas e iniciativas privadas para redução do desmatamento.
Os pesquisadores projetaram três cenários distintos, informam CNN, Agência Brasil e O Povo, cada um deles com suas implicações únicas. Por exemplo, no cenário “business as usual”, que considera apenas as tendências históricas sem levar em conta fatores macroeconômicos, estima-se que o desmatamento acumulado entre 2020 e 2025 alcance cerca de 50 mil km2. É 35% maior do que o indicado pelos cenários que levam em consideração outros fatores.
Os resultados também apontam para a distribuição espacial do desmatamento projetado. Regiões como o centro do Pará e o sul do Amazonas aparecem como áreas de alto risco, confirmando uma tendência já observada pelos especialistas desde 2018 da concentração do desmatamento na junção das fronteiras do Amazonas, Acre e Rondônia, denominada “AMACRO”.
Os modelos destacam a importância da governança na destinação de florestas públicas para a conservação, demonstrando uma redução de até 57% no desmate nesse tipo de área quando políticas adequadas são implementadas. No entanto, os pesquisadores frisam que é crucial notar que mesmo nos cenários mais otimistas, a falta de mecanismos de controle pode resultar em “vazamentos” de desmatamento para outras regiões, como assentamentos de reforma agrária e propriedades rurais, além de Unidades de Conservação.
Em tempo: O prazo para cidades aderirem ao programa União com Municípios pela Redução de Desmatamento e Incêndios Florestais na Amazônia foi prorrogado até 31 de maio, informam Agência Brasil, Valor e R7. O período para 70 cidades consideradas prioritárias participarem da política nacional que prevê investimentos de R$730 milhões encerraria na 3ª feira (30/4). Lançada em abril, a iniciativa pretende aumentar o controle e o monitoramento das queimadas e desmatamento na Amazônia e promover a regularização fundiária e ambiental, além de recuperar a vegetação nativa e apoiar a produção sustentável.
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ClimaInfo, 3 de maio de 2024.
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