A planta promete capturar cerca de 36 mil toneladas de gás CO₂ por ano, um montante diminuto se comparado com as emissões da pequena Islândia.
Com pompa e circunstância, a empresa Climeworks anunciou na semana passada o início das operações da Mammoth (“mamute”, em Inglês), a maior usina de captura no ar e armazenamento (CCS) de carbono do mundo, localizada na Islândia.
A planta Mammoth tem capacidade de capturar e armazenar até 36 mil toneladas de dióxido de carbono (CO₂) da atmosfera, aproveitando a energia geotérmica, fartamente disponível na Islândia. Essa capacidade é cerca de dez vezes superior à da primeira unidade operada pela Climeworks, a Orca.
De acordo com a empresa, a Mammoth utiliza energia renovável para alimentar o seu processo de captura direta de ar, que requer calor a baixa temperatura, como água a ferver. Assim que o CO₂ é liberado dos filtros, ele é transportado para o subsolo, onde reage com a rocha basáltica por meio de um processo natural, que se transforma em pedra e permanece armazenado permanentemente.
“O início das operações de nossa planta Mammoth é mais um ponto de prova na jornada de expansão da Climeworks para a capacidade [de captura e armazenamento] de megatoneladas até 2030 e de gigatoneladas até 2050”, destacou Jan Wurzbacher, cofundador e co-CEO da empresa.
Para os defensores de CCS, o anúncio é um marco para o futuro da luta contra a crise climática. Já para os céticos, é uma evidência da incipiência dessa tecnologia em face ao gigantismo das emissões globais de carbono. Isso fica evidente se considerarmos a capacidade atual da planta Mammoth: apesar do nome, não chega a 40 mil toneladas de CO₂ por ano.
A operação da Mammoth é incipiente mesmo se considerarmos apenas as emissões de gases de efeito estufa da Islândia, onde em 2022 elas chegaram a 3,54 milhões de toneladas (megatoneladas) de carbono provenientes de combustíveis fósseis e da indústria. Ou seja, a capacidade da maior usina de captura e armazenamento de carbono do mundo não chega a 1% das emissões da Islândia, um dos menores países do mundo, com uma população que não chega aos 400 mil habitantes.
Outro dado importante, apontado pela Agência Internacional de Energia (IEA) em um relatório do ano passado, deixa evidente a lacuna entre a capacidade atual e o que seria necessário para que a tecnologia de CCS faça alguma diferença. Segundo a análise, o mundo precisaria capturar ou remover cerca de 32 bilhões de toneladas de CO₂ para manter o aumento médio de temperatura sob 1,5oC.
Até chegar ao nível dos sonhos de seus proponentes, a tecnologia de CCS ainda tem um caminho longo e incerto pela frente. Por isso, não dá para apostar o futuro da luta contra o aquecimento global no eventual avanço dessa tecnologia.
Bloomberg, CNN, Euronews, Reuters e Washington Post, entre outros, deram mais detalhes sobre a notícia.
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ClimaInfo, 14 de maio de 2024.
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