
Caso o ex-presidente negacionista retorne à Casa Branca, isso poderá ameaçar os novos investimentos em renováveis nos EUA, dificultando ainda mais a transição energética global.
Um fantasma paira sobre a transição energética global: ele tem cabelos alaranjados, é viciado em spray de bronzeamento, adora golfe e prometeu desmantelar todas as políticas climáticas dos EUA em troca da bagatela de US$ 1 bilhão em doação de campanha de executivos do petróleo.
Uma análise da consultoria Wood Mackenzie divulgada na semana passada projetou que a transição para fontes renováveis de energia perderá até US$ 1 trilhão em novos investimentos caso o ex-presidente Donald Trump, negacionista de carteirinha, volte ao comando do governo dos EUA.
De acordo com o relatório, uma nova gestão Trump provavelmente cortará os benefícios criados pela Lei de Redução de Impostos (IRA) aprovada pelo presidente Joe Biden para os carros elétricos, a geração eólica e solar de energia e para tecnologias de captura e armazenamento de carbono. Essas medidas poderão ter “efeito cascata” sobre os investimentos, atrasando a transição energética em um momento crítico da luta contra as mudanças climáticas.
Considerando as políticas atuais, a consultoria projetou os investimentos para o setor energético nos EUA até 2050 em cerca de US$ 7,7 trilhões. Um eventual retorno de Trump cortaria esse volume em cerca de 1 trilhão de dólares. Essa redução implicaria em uma elevação das emissões de gases de efeito estufa dos EUA em meados deste século de cerca de 1 bilhão de toneladas em relação ao cenário de manutenção das políticas da gestão Biden.
“Este ciclo eleitoral realmente influenciará o ritmo de investimento em energia, tanto para os próximos cinco anos quanto até 2050”, disse David Brown, diretor de pesquisa sobre transição energética da Wood Mackenzie, à Reuters. “Investimentos em fontes de energia de baixo carbono precisam ser feitos a curto prazo para se alcançar as metas de descarbonização de longo prazo. As emissões dos EUA podem aumentar, tornando o objetivo de emissões líquidas zero inatingível”.
A Bloomberg também repercutiu o relatório.
ClimaInfo, 21 de maio de 2024.
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