Políticas climáticas e ambientais da UE estão ameaçadas com vitórias da extrema direita no Parlamento Europeu

10 de junho de 2024
UE extrema-direita
Mika Baumeister/Unsplash

O qvanço da extrema-direita e a derrota de partidos verdes causam preocupação sobre o futuro dos planos climáticos da União Europeia e risco de retrocessos. 

A eleição para o Parlamento Europeu despejou um balde de água fria na cabeça de ativistas e defensores da ação climática na Europa. Mesmo com o predomínio de partidos centristas, que formarão a maioria dos integrantes do corpo legislativo da União Europeia, o avanço de grupos extremistas de direita causa apreensão sobre o futuro da política climática no continente.

O novo Parlamento terá uma maior representatividade de partidos de extrema-direita, muitos negacionistas da crise climática e críticos ácidos das medidas tomadas nos últimos anos pela UE para reforçar seus compromissos sob o Acordo de Paris. Ao mesmo tempo, os partidos verdes europeus tiveram um final de semana para ser esquecido, com derrotas dolorosas em países importantes do continente, como França e Alemanha. 

Para especialistas, o risco de retrocessos em medidas já tomadas, como o Green Deal Europeu, existe, mas é relativamente baixo. A principal ameaça da presença reforçada da extrema-direita no Parlamento Europeu está na definição de políticas futuras, especialmente aquelas que dizem respeito ao aumento da ambição climática por parte da UE. 

“Não penso que retrocederemos nas políticas [climáticas]. Mas penso que será mais complicado lançar novas políticas”, disse Bas Eickhout, chefe do grupo de parlamentares verdes do Parlamento Europeu, à Reuters. “É possível que uma nova ambição seja adiada, principalmente por razões populistas”, concordou Julian Popov, ex-ministro do meio ambiente da Bulgária.

“Apesar de muita atenção ser dada às conquistas da extrema-direita, a grande maioria dos europeus ainda votou em partidos do centro político”, destacou Vincent Hurkens, do thinktank E3G, ao Guardian. “Cabe à centro-direita, aos liberais e aos social-democratas [decidir] quanto poder e influência permitirão que a extrema-direita tenha sobre o futuro do Green Deal europeu”.

O primeiro teste deve acontecer ainda neste ano. Como todos os demais signatários do Acordo de Paris, a UE deverá apresentar até o começo de 2025 uma nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) com novas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa até 2040. Pelas regras da UE, a NDC europeia precisa ser aprovada pelo Parlamento, o que pode resultar no enfraquecimento de sua ambição.

“Infelizmente os partidos populistas ganharam demasiado terreno”, lamentou Laurence Tubiana, uma das principais negociadoras do Acordo de Paris, à Bloomberg. Para ela, apenas políticas mais justas, alinhadas às preocupações dos cidadãos, podem ajudar a UE a enfrentar a polarização. “Recuso-me a ceder ao fatalismo. Não será possível resolver a crise do custo de vida, a segurança ou a competitividade sem uma transição ecológica”.

 

ClimaInfo, 11 de junho de 2024.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar