A pré-candidatura do negacionista climático Éder Mauro à prefeitura de Belém virou um motivo de incômodo entre os integrantes dos governos federal e do Pará.
Faltando menos de 500 dias para a abertura prevista da 30ª Conferência da ONU sobre Mudança do Clima (COP30) em Belém do Pará, a cidade pode estar prestes a eleger um prefeito que não está interessado em qualquer discussão sobre a crise climática. Pior: ele rejeita a realização do evento, pura e simplesmente por cegueira ideológica, a exemplo do ex-presidente Jair Bolsonaro, que cancelou a realização da COP25 em Salvador, em 2019.
O nome em questão é do deputado federal Éder Mauro (PL), apoiado por Bolsonaro e considerado um dos favoritos à disputa pelo comando da capital paraense nas eleições municipais de outubro. A Folha conversou com o pré-candidato, que foi lançado oficialmente no último final de semana.
Mauro preenche todos os requisitos esperados de um candidato bolsonarista: egresso da bancada da bala, o deputado é defensor do garimpo, crítico de operações de combate a crimes ambientais, e não dá a mínima para a questão climática (considerada por ele como um “exagero”).
Sobre a COP, o pré-candidato do PL não demonstrou qualquer entusiasmo com o evento. “Como deputado, não estou nem um pouco preocupado com a questão. [Como candidato], me preocupo com a cidade”, afirmou. Ele pontuou que, se eleito, deverá participar da conferência “queiram eles ou não”.
A preocupação com Belém citada pelo parlamentar não inclui os impactos do desmatamento da Amazônia sobre o clima global. Para ele, as enchentes que acontecem há anos no centro da capital paraense “não tem absolutamente nada a ver [com] essa questão do aquecimento global e do desmatamento”.
Uma eventual vitória de Éder Mauro coloca um obstáculo significativo aos planos dos governos federal e do Pará para a realização da COP30 em Belém. O atual prefeito da cidade, Edmilson Rodrigues (PSOL), que apoia o projeto da conferência e deverá contar com o apoio do PT do presidente Lula, não tem bom desempenho nas pesquisas. E Igor Normando (MDB), apoiado pelo governador Helder Barbalho, ainda não emplacou.
Enquanto a campanha eleitoral começa a esquentar, Belém corre para realizar as obras necessárias para sediar a COP30 em 2025. Na última 6ª feira (28/6), o governo paraense celebrou o marco de 500 dias até a abertura da conferência destacando as ações de desenvolvimento urbano e de ampliação da rede hoteleira da cidade.
“Estamos requalificando a cidade, melhorando a vida de 2,3 milhões de pessoas que vivem e trabalham na região metropolitana. Essas pessoas poderão ter uma cidade que passou por profundas transformações, resultado do investimento de 4 bilhões de reais em infraestrutura, mobilidade, desenvolvimento urbano, conectividade e turismo”, afirmou Barbalho.
O g1 fez um levantamento da situação de 13 obras anunciadas recentemente pela prefeitura de Belém e pelo governo do Pará. Dessas, apenas a reforma do Mercado de São Brás pode ser concluída ainda em 2024, sendo que a maior parte das obras não tem um prazo de conclusão informado ou devem ser entregues em partes até o início da COP. As obras mais caras devem ser a implementação do Parque da Cidade (orçada em R$ 980 milhões) e a macrodrenagem do rio Tucunduba. (R$ 841 milhões).
Pará Terra Boa, Revista Cenarium e SBT também repercutiram as obras da COP em Belém.
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ClimaInfo, 03 de julho de 2024.
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