CCJ do Senado adia votação da PEC do marco temporal

10 de julho de 2024

Enquanto isso, presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), muda de ideia e passa a defender “conciliação” com STF que não tem a presença de indígenas.

Como prometido, o senador Davi Alcolumbre (União-AP) colocou na pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado de 4ª feira (10/7) a Proposta de Emenda à Constituição 48/2023, também chamada de “Marco da Morte” ou “PEC da Morte”. Após falas absurdas de parlamentares pró-marco temporal, o senador Jaques Wagner (PT – BA) pediu vista coletiva ao projeto, o que foi acatado por Alcolumbre. Com isso, a PEC retornará à pauta da CCJ em outubro.

A PEC quer inserir na Constituição Federal o marco temporal, que define que os Povos Indígenas só podem reivindicar um território caso estivessem nele na data de promulgação da carta – 5 de outubro de 1988.  A proposta é uma iniciativa de 27 senadores, 9 deles da Amazônia Legal e todos alinhados ao bolsonarismo, destaca a Amazônia Real. Ela foi protocolada no mesmo dia em que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) consideraram a tese inconstitucional.

O vice-coordenador da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), Alcebíades Sapar, afirma que a PEC “está sendo uma moeda de troca para o agro, para as grandes mineradoras, que já não escondem tanto o interesse deles dentro das Terras Indígenas”.

A APIB lançou uma nota técnica sobre a PEC 48, reforçando a inconstitucionalidade e inconvencionalidade da fixação do marco temporal e como isso afeta Povos Indígenas e meio ambiente.

Além da PEC, o Congresso aprovou no ano passado, também logo após a decisão do STF, uma lei instituindo o marco temporal. A legislação foi questionada na própria corte por várias ações. Mas, em vez de decidir, o ministro Gilmar Mendes resolveu instituir uma “comissão de conciliação” para a questão – que não terá participação de qualquer representante dos Povos Indígenas.

A primeira audiência de conciliação foi agendada por Gilmar para 5 de agosto. E virou desculpa para o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), “baixar o tom” em relação ao marco temporal e agora defender que o Congresso participe da comissão e busque soluções para a questão “caso a caso”, segundo o Metrópoles e a CNN. Em resumo: noves fora, nada, ou pior, o governo sinalizou pela negociação de restrições aos Direitos Indígenas após o adiamento da votação.

 

ClimaInfo, 11 de julho de 2024.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine Nossa Newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar