Deputados aprovam marco do hidrogênio com aumento das emissões inserido no Senado

15 de julho de 2024
Deputados marco hidrogênio aumento emissões Senado
PickPik

Aumento das emissões de gases de efeito estufa, supostamente para incluir etanol entre as fontes do hidrogênio, não era necessário, conforme comprovam estudos da UFRJ.

A Câmara aprovou na 5ª feira (11/7) o marco regulatório do hidrogênio de baixa emissão de carbono, mantendo as mudanças feitas pelo Senado (PL 2.308/2023). O marco prevê R$ 18 bilhões de incentivos fiscais, aumenta o potencial poluente do combustível e contempla hidrelétricas e o agronegócio. Agora vai à sanção do presidente Lula.

Na primeira passagem do projeto pela Câmara, no final do ano passado, o texto foi aprovado sem a previsão de incentivos, porque havia um acordo para que o tema fosse tratado no Senado, lembra a Folha. Assim, os senadores criaram o Regime Especial de Incentivos para a Produção de Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono (Rehidro), que prevê até R$ 18 bilhões em benefícios e foi mantido pelos deputados na nova votação.

Os créditos fiscais serão concedidos de 2028 a 2032. Hidrelétricas e produtores de biocombustíveis, como etanol, também poderão participar do Rehidro, além da biomassa, biogás, biometano e energias eólica e solar, detalham Estadão e UOL.

Além disso, o Senado quase dobrou o potencial poluente da produção de hidrogênio por alteração de última hora proposta pelo senador Fernando Farias (MDB-AL). A emenda aumentou de 4 kg para 7 kg de CO2eq por quilo de hidrogênio o limite máximo de emissões para enquadrá-lo como de baixo carbono. E os deputados mantiveram tal taxa.

Defensores do novo limite de emissão disseram que o aumento viabilizaria a produção de hidrogênio a partir de biocombustíveis. No entanto, a Coalizão Energia Limpa (CEL) e o Observatório do Clima (OC) se referenciaram em análises da UFRJ mostrando que o índice de emissões do combustível produzido a partir da reforma a vapor do etanol no Brasil é de 2,27 kgCO₂eq/kgH₂. Logo, aumentar o teto das emissões não seria necessário.

Além disso, CEL e OC chamaram atenção para o limite de 7 kgCO₂eq/kgH₂ ser muito mais alto do que o definido na União Europeia, nos Estados Unidos e China. Isso pode inviabilizar a exportação do hidrogênio “de baixo carbono” produzido no Brasil.

“A União Europeia, por exemplo, o principal comprador potencial do hidrogênio produzido no Brasil, definiu em regulamentação o teto de 3,384 kgCO₂eq/kgH₂. Devido à discrepância, o hidrogênio brasileiro corre risco de não ser absorvido pelo mercado internacional”, explicaram, em nota.

Além do Rehidro, o texto aprovado cria a Política Nacional do Hidrogênio de Baixa Emissão e o Programa de Desenvolvimento do Hidrogênio de Baixa Emissão. Também define que os incentivos do novo regime fiscal devem estar previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA), informa O Globo.

 

 

__________

ClimaInfo, 15 de julho de 2024.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine Nossa Newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar