Estudo da SBTi aponta mercados de carbono como “ineficientes” para redução de emissões

1 de agosto de 2024
Estudo SBTi mercados de carbono redução emissões
Pixabay

Depois de polêmica sobre inclusão de créditos de carbono em planos net-zero, a iniciativa divulgou análise criticando ineficácia de mercados para redução de emissões corporativas.

A iniciativa Science Based Targets (SBTi) tem vivido uma verdadeira montanha-russa nos últimos meses. Depois de sugerir que as empresas poderiam usar créditos de carbono para compensar emissões de Escopo 3 (cadeia de valor) em seus planos de descarbonização, a SBTi publicou nesta semana uma nova análise técnica que demole essa possibilidade e ataca diretamente os mercados de carbono classificando-o como um instrumento ineficaz para reduzir as emissões de gases de efeito estufa pelas empresas.

O vai-e-vem reflete desconfortos e disputas internas na SBTi. Em abril passado, a publicação de uma nota que sinalizava a possibilidade de offset para compensar emissões de Escopo 3 provocou uma revolta de funcionários da iniciativa, que enxergaram nela uma tentativa de sua direção para enfraquecer as regras de net-zero.

A reação forçou um recuo por parte da SBTi, resultando na saída de seu antigo CEO, o brasileiro Luiz Amaral. Ainda assim, persiste um mal-estar sobre o processo decisório dentro da iniciativa, além da incerteza sobre até que ponto a ciência, de fato, baseia as análises referentes às metas climáticas corporativas.

Assim, a nova análise tenta “limpar a barra” da SBTi, por assim dizer. De acordo com uma das notas técnicas publicadas nesta semana, “vários tipos de créditos de carbono são ineficazes em entregar os resultados de mitigação pretendidos”. Além disso, segundo a iniciativa, o uso corporativo de créditos de carbono pode paralisar os esforços de descarbonização das empresas e reduzir o fluxo de financiamento climático.

“A meta-análise da qualidade dos créditos de carbono publicada pela SBTi é inequívoca: a esmagadora maioria dos artigos de periódicos de alta qualidade e revisados por pares demonstra que os créditos de carbono não representam os benefícios climáticos que eles alegam representar, e usá-los para compensar emissões dentro da cadeia de valor de uma empresa pode enfraquecer a ação climática global”, escreveu Miriam Vicente Marcos, da Carbon Market Watch.

Como pontuou o Capital Reset, a análise da SBTi desagradou as empresas operadoras de créditos de carbono, que já sofrem com sucessivas acusações de irregularidades e de greenwashing. De toda forma, a definição dos novos padrões para avaliação de planos corporativos de descarbonização só deve acontecer em 2025.

Bloomberg, Financial Times e Reuters abordaram a notícia.

 

 

__________

ClimaInfo, 2 de agosto de 2024.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar